Os ex-vangélicos

Evangélicos mais esclarecidos são agora ex-vangélicos – um movimento cada vez mais forte nos Estados Unidos. Tradicionais e influentes evangélicos – como os seguidores do reverendo Billy Graham, conselheiro espiritual de vários presidentes – não querem mais ser conhecidos com o rótulo de evangélico pois logo são identificados com setores da extrema-direita. Até mesmo instituições que antes de denominavam “evangélicas”, trocam de nome e passam a se definir como “cristãs”.

Têm medo, por exemplo, de se identificarem como eleitores de Trump, o que não é necessariamente verdade nem elogioso, como conta matéria publicada nesta sexta-feira (3) em O Globo.

No Brasil, principalmente em razão da “invasão evangélica” no campo político-partidário, todos poderiam ser identificados (não necessariamente, mas preferentemente) como eleitores de Bolsonaro.

 

‘Ex-vangélicos’: cresce nos EUA número

de fiéis que abandonam o rótulo de evangélico

Boz Tchividjian é neto do conhecido reverendo Billy Graham — conselheiro espiritual de vários presidentes americanos e um dos principais responsáveis pela popularização do movimento evangélicos nos EUA —, mas decidiu não mais se referir como sendo evangélico. Ele faz parte de um crescente número de religiosos americanos que está abandonando o rótulo para se distanciar de setores de extrema-direita da sociedade cristã, mas mantendo os seus princípios.

— Eu não me identifico mais com esse termo — disse Tchividjian ao “Guardian”. — As palavras importam. E “evangélico” não é como “batista” ou “episcopal”, que podem ser claramente definidos. Quando você usa esse termo para uma pessoa, é definido pela forma que ela interpreta.

Esse foi o mesmo motivo para a Sociedade Evangélica da Universidade de Princeton remover o “evangélica” do nome. Fundada há oito décadas, a associação foi rebatizada como Sociedade Cristã de Princeton. Segundo William Boyce, atual secretário-executivo do grupo, a mudança foi necessária porque “nos últimos anos estamos vendo mais estudantes que não se reconhecem ou não compreendem corretamente o termo ‘evangélico’”.

Tony Campolo, pastor e fundador do movimento “Red Letter Christians”, também tomou a mesma decisão. Em entrevista recente ao site Premier Christianity, o conselheiro espiritual do expresidente Bill Clinton afirmou que muitas conotações negativas foram atribuídas ao termo, principalmente entre não cristãos.

— Nos sentimos desconfortáveis em nos chamarmos como evangélicos, porque o público em geral supõe coisas sobre nós que não são verdadeiras — afirmou Campolo. — Não somos favoráveis à pena de morte, não somos a favor da guerra, não odiamos gays e não somos antifeministas.

Originalmente, o termo “evangélico” se refere a indivíduos ou grupos que seguem os Evangelhos da tradição cristã, e isso inclui não apenas novas denominações, mas religiões centenárias, como os metodistas e protestantes. Porém, nos EUA, o termo é normalmente atribuído apenas a grupos conservadores de extrema-direita.

(por O Globo)

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