(por Ruth Bolognese) – Lá no futuro da história, quando o tempo suspender as emoções, esta relação firme e forte entre a grande imprensa brasileira e o nosso poder judiciário terá que ser devidamente analisada.
Os grandes furos de reportagem foram substituídos por “vazamentos” do Ministério Público e da Polícia Federal. A revista Época dessa semana, por exemplo, decifra todo o sistema de propina da maior produtora de carne de mundo, a JBS,comandada pelos irmãos Batista. E o “furo” tem a total garantia selada nas investigações do MPF. Os jornalistas brasileiros, nomes que deveriam ser referenciais para as novas gerações, se tornaram escrevinhadores de juízes, procuradores e investigadores, tradutores dos emaranhados jurídicos e das provas de delitos.
Poderia ser diferente? Talvez não. A imprensa se tornou Lava Jato’s dependente e seria muito difícil resistir à informação de qualidade, em primeira mão, recém saída das mãos de um Procurador da República, com toda a pompa e circunstância que o cerca.
O que preocupa, e isto é do campo restrito de quem exerce o ofício de informar com imparcialidade, versa sobre o uso do cachimbo, que torna a boca torta. Se mais e mais jornalistas forem se tornando porta-vozes desta ou daquela categoria, eis aí uma entidade formatada para atender um lado só da notícia. E notícia de um lado só, senhores e senhoras, se torna imediatamente assessoria de imprensa. Nada a ver com jornalismo.
O tempo dirá.
Belo texto…. Eu queria ouvir a tal Associação dos Jornalistas Investigativos…sobre as notas fiscais das empresas de Curitiba, que afirmaram a reforma do triplex…..