Os efeitos da privatização do Porto

Quando voltar de sua viagem ao Canadá e aos Estados Unidos, o governador Beto Richa se verá obrigado a se manifestar sobre a inclusão do Corredor de Exportação de Paranaguá entre os bens da União a serem privatizados. É tema que interessa à economia do Paraná. Pode-se ser contra ou a favor, mas o governo estadual – que por delegação administra o Corredor – precisa ter uma posição.

A provável privatização significa que:

• desmonte de uma estrutura única e peculiar, formada desde o início dos anos 70 que consiste em um sistema integrado por um pátio de triagem de caminhões e um de vagões; um conjunto de silos, shiploaders e esteiras interligados a três berços de atracação;
• Este sistema funciona em pool, ou seja, existe um administrador geral que é a APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, autarquia do governo estadual), que comanda os embarques de acordo com seus regulamentos;
• Desse pool participam, com seus silos interligados: as multinacionais Cargill, Bunge e Dreyfuss. as cooperativas Cotriguaçu e Coamo. as independentes CBL e Centro-Sul e os recentemente interligados, parnanguaras Gransol e Rocha;
• Além disso existem os operadores sem silo que armazenam no silo público da APPA e que constituem importante fator regulador de preços de operação de exportação;
• Com o silo privatizado, o operador do complexo, que provavelmente será um grande player de mercado, poderá aumentar as tarifas de embarque consideravelmente. Ou pior utilizar sua posição privilegiada para pressionar os produtores locais a lhe vender suas mercadorias a preços vantajosos;
• Com isso devem desaparecer do mercado os pequenos cerealistas exportadores que se apoiam nos pequenos operadores e no silo público para operar no mercado externo;
• Outro efeito que pode ser danoso á economia nacional e paranaense é a perda de formação de preços autênticos da soja-exportação, que passará a ser objeto de manobras por esse supostos grande operador do corredor de exportação que comprar o Corredor.