Os amigos-distantes de Beto Richa

Diante das notícias de que o parente Luiz Abi Antoun estava metido em negociatas na manutenção mecânica da frota oficial e acabou preso, o ex-governador Beto Richa se apressou em dizer que eram apenas “primos distantes”, que pouco o conhecia. Tão larga separação entre gerações ajudou-o a reunir a seu lado centenas, milhares de amigos-próximos.

Assistir, por exemplo, a uma sessão da Assembleia Legislativa daria uma boa amostra de quanta proximidade existia: se os 54 deputados de todos os partidos discursassem, seria possível ouvir a cantilena de pelos 45 elogiando o governador pela excelência de sua gestão. O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano, sempre foi um dos mais prestativos auxiliares para que as vontades de Beto Richa fossem atendidas rapidamente e por esmagadora maioria – mesmo que bombas estivessem estourando ali perto do plenário.

Quando os salões do Palácio Iguaçu recebiam os 399 prefeitos do Paraná convidados pelo chefe da Casa Civil, deputado Valdir Rossoni, para assinar convênios e receber chequinhos, o mármore preto-e-branco que recobre o piso do saguão quase trincava com a vibração dos aplausos, urras e agitados pedidos de selfies.

Se viajava ao interior, multidões esperavam Richa no desembarque do helicóptero ou do jatinho em todos os aeroportos. O então secretário de Desenvolvimento Urbano, Carlos Ratinho, principal entregador de obras nos municípios, procurava estar sempre junto nas inaugurações, nos cortes de fita. Um gostava da proximidade do outro.

Ricardo Barros e Cida Borghetti derramavam-se em sorrisos amáveis à espera do dia em que ele esvaziaria o gabinete e deixasse o Palácio Iguaçu aos cuidados do casal. Depois, até impuseram dificuldades para que Beto saísse candidato a senador na mesma chapa.

No dia seis de abril, quando embarcou no minúsculo Cooper e, ao volante, deixou para trás o Palácio que ocupou por sete anos e quatro meses, os amigos passaram a rarear. Os que teimavam em se mostrar próximos, foram logo exonerados pela sucessora. Atualmente, há só um remanescente da era Richa, o secretário da Administração, Fernando Ghignone, arrecadador que aproximou o candidato da Odebrecht nas eleições de 2010.

E agora, diante do sofrimento pelo qual passam o ex-governador e a mulher, presos no “Coronel Dulcídio” pela suspeita de que eram favorecidos por propinas pagas por empresários que participavam do programa Patrulha do Campo, não se ouvem vozes em defesa deles. Elogios desapareceram. Traiano e Rossoni se calaram, todos se calaram, todos se tornaram distantes. Menos os advogados bem pagos que agora os assistem…

Teriam os paranaenses se tornado mineiros? Dos mineiros, o escritor Otto Lara Rezende dizia que “só eram solidários no câncer”.

 

7 COMENTÁRIOS

  1. Ô Valdir! João Requião não trabalha com o sogrão. Que aliás é filiado ao partido do rato. (o sogrão Joel Milionariocelli)Já o rato trabalhou 8 anos numa das secretarias mais importantes do Beto. Portanto o comentário está correto.

  2. Cadê o Fernando Ghignone?
    Cadê o Munir Chaouwiche?
    Cadê Luiz Sebastiani?
    Cadê o fiscal Pizzato, da Receita Estadual de Curitiba?
    Cadê Traindo Traiano?
    Cadê Cardeal Rossio Rossoni?
    Cadê Michele Caputo?
    Cadê Luciano Ducci?
    Cadê Alexandre Curi?
    Cadê Luiz Romanelli?
    Cadê Plauto Miró?

  3. Os eleitores paranaenses aguardam ansiosos o posicionamento do ilustre deputado federal – e candidato à reeleição- Valdir Rossoni. O deputado da progressista cidade de Bituruna se intitula o grande moralizador da assembléia legislativa. Um político impiedoso contra os malfeitos na administração pública. Esperamos uma declaração contundente, condenando os desvios do colega de partido, o ex-governador do Paraná, o ex-secretário de infraestrutura, a ex-primeira dama, o ex-chefe da casa civil e todos os envolvidos…O mesmo se espera do presidente da assembléia, o ilustre Ademar Traiano, muito eloquente para acusar desvios em outros partidos.

  4. Muito estranhamente o “amor” acaba.
    Lembro-me em um passado recente um “amigo” “parceiro” que acompanhava o Beto desde a época que ele era vice do Cassio Taniguchi, assumindo sempre a área da Saúde, hoje se acovarda em se quer deixar os adesivos 456 em “dobradinhas”.
    Bradava tão alto, talvez para compensar sua baixa estatura.
    Mas a “política” é essa que sempre praticaram.

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