Os abusos do pedágio no Paraná vão muito além da tarifa

(por Ruth Bolognese) – A proposta de delação do ex-diretor do DER Nelson Leal Jr começa a esclarecer, depois de 20 anos, os paranaenses que não foram submetidos às maiores taxas do país para circular pelo Estado. Foram espoliados, também, pela corrupção que levou a obras superfaturadas ou inexistentes, mas pagas pelos usuários.

Se entregar tudo o que prometeu na proposta de delatar, e não há mais como recuar porque a outra opção são 30 anos de cadeia, no mínimo, o ex-alto funcionário do DER vai derrubar o mais antigo argumento que todos os governos pós Jaime Lerner usaram para justificar as altas tarifas das estradas do Paraná: que o contrato assinado com as concessionárias era inexpugnável e impedia a redução.

A empreiteira Triunfo , segundo Nelson Leal Jr, mascarou a realização de obras em troca do aumento das tarifas e os recursos recebidos do DER eram distribuídos, em larga escala, aos membros de uma quadrilha oficial.

O período de 2011 a 2014 em que a quadrilha atuou se insere exatamente no primeiro governo de Beto Richa e chama a se explicar o próprio irmão dele, José Richa Filho, conhecido como Pepe, que comandava a poderosa secretaria de Infra-Estrutura do Paraná, abrangendo as estradas do Anel de Integração e, consequentemente, os pedágios.

Está ficando inverossímil a desgastada desculpa de nossos governantes, o ex-governador Beto Richa e agora seu irmão, de que jamais se envolveram em falcatruas comandadas abaixo de seus narizes.
Repete-se aqui, como um mantra, toda vez que um escândalo entra pela porta adentro do governo que comandou o Paraná nos últimos sete anos: é responsabilidade, sim, de todo gestor público vigiar e zelar pela correta aplicação do dinheiro público.

Se durante 3 anos a festa do DER levou a passeios de iates, apartamentos de luxo e dinheiro a rodo no bolso de subordinados, e a chefia não viu nada, então estamos num terreno de que vai muito além da incompetência: o descaso absoluto com o nosso dinheiro.

E esta é só a ponta do iceberg da culpa.

12 COMENTÁRIOS

  1. É mas a culpa de tudo é dos caminhoneiros, não?
    Cleber, eu tomei conhecimento de no inicio de 2017 alguns deputados organizarem sessão e cobrarem do Estado uma revisão do contrato ou a sua completa dissolução, haja visto que em breve ele vence, algo assim. Entre estes deputados estava um da região de Apucarana , ligado a cadeia de moveis, segurança alimentar, desenvolvimento de agricultura familiar, deixa eu pesquisar o nome …Claudio Palozi. Ele convidou toda sociedade para o debate, eu estava em um trabalho na emater e lá adentrou ele na reunião e convocou a todos e resumiu: este assunto é de todos nós. Então justiça seja feita, esse moço e outros deputados tentaram ações na assembleia, esta que é dominada pelo governo em gestão, então virou em osso de minhoca pela barganha de poder, quem pode mais chora menos. Mas tem que tentar e debater, agora nas atuais circunstancias, esse grupo de deputados que tentou debater o pedágio deve estar com aquele risinho irônico, torcendo o boca para o lado assim como quem diz: eu nao falei que tinha carroço nesse angu? Temos que protocolar, encher o saco, cobrar, formalizar, não desistir. Uma hora a casa cai.

  2. Bem lembrado. Segundo os mestres do Contraponto, vai ver o pedágio é mais um “pequeno compromisso com a imperfeição” do Lerner. Ou coisa que o valha. Não esquecemos a rasgação de seda dos 80 anos.

  3. O pedagio da forma como está foi arquitetado pelo maior arquiteto do universo, Jaime Lerner, então não cabe qualquer contestação. Povo chorão dos infernos. Paguem e não bufem!

  4. O crime compensa! E o pior, esses criminosos constroem seus próprios “presídios” (suas mansões) com o NOSSO dinheiro, pois é direto para suas respectivas residências que eles vão após essa barbárie denominada de delação premiada. Ficar um ano, com tornozeleira, comendo, bebendo do bom e do melhor, em uma mansão como PENA por tantos crimes, me parece ser muito bom. E o trabalhador, vive preso, sem poder sequer rodar o seu Estado pq não tem dinheiro para pagar o pedágio mais caro do país. Esse Nelson, até agora, só tem uma pena (se tiver). A de ser um péssimo exemplo para um filho. Deve ser triste, um filho conviver com um pai dentro de casa e tds os dias, olhar uma tornozeleira na canela dele.

  5. Delação sem vergonha e muito leniente com esse Nelson Leal. Sério mesmo que vai ser só um ano em regime domiciliar mais serviço comunitário? Por favor , tomem vergonha na cara, esse sujeito devia dar graças de não pegar uns 30 anos. E olhe lá. E o seu Ogama, honorável oriental, continua solto?

  6. Não vem ao caso…não vem ao caso. Mil vezes não vem ao caso. Aqui é a República de Curitiba. Aqui se cumpre a lei. Mas nesse caso, não vem ao caso.

  7. Pergunta-se em 20 anos de pedágio no Paraná NENHUMA comissão de acompanhamento foi montada por nenhum Ministério Público – tanto Estadual como Federal.
    Nenhuma fiscalização permanente do TCU e TCE do Paraná.
    Nenhuma organização empresarial contratou auditoria independente nos contratos de Pedágio.
    Nenhuma diretoria de Fiep, Fecomercio, Ocepar ou FAEP.
    Nenhuma Associação Comercial.
    Nenhuma CPI.

    Todos recebiam jabaculê ou propina?

    E a imprensa?

  8. Alceni Guerra foi nomeado pela Cida através do decreto 10.049/18. Alceni foi condenado,com trânsito em julgado, por improbidade administrativa por atos na prefeitura de Pato Branco. Pedeu seus direitos políticos por 8 anos, inclusive a proibição de assumir qualquer cargo público…

  9. Erramos… onde escrevi abril de 86 leia-se abril de 2016. Mas confio no inconsciente coletivo no entendimento do que escrevi acima com a informação errada;

  10. “o contrato assinado com as concessionárias era inexpugnável e impedia a redução.”

    Excelente texto D Ruth. Só está alguns anos atrasado e dirigido aos responsáveis errados. Sabe por quê?

    1 – Sempre falei que este negocia de contrato perfeito no Paraná é igual a acreditar em Saci e/ou nas boas intenções do PSDB.
    Deviam ter contratado quem o redigiu e delegar a confecção de TODOS os demais contratos no Brasil, inclusive a Constituição que foi rasgada em abril de 86, quando penalizaram atos usuais em governo anteriores.
    Num Pais que faz o que se quer sempre contando com o Juiz amigo, contrato perfeito é mito de oportunidade.

    2 – Quanto aos responsáveis, devemos incluir TODO o sistema judiciário do PR. Todo mundo, Policia Civil MP-PR, MPF, ai incluídos o barbicha, o Power Point, o menino prodígio que conseguiu escrever um livro, a Policia Federal, o moro e todos os juízes com auxilio moradia.
    Tudo isso estava ao alcance deles investigar, ou nenhum deles pagou pedágio no PR um dia? Ninguém suspeitou por que pagamos mais pra ir pra S Luiz do Purunã do que ir de Floripa pra Curitiba? Nenhum deles jamais pôs os pés no Litoral do PR. E eles também acreditaram no mito do “contrato inexpugnável”?
    Só vão pra Mônaco, USA S Paulo, sempre de avião.

    3 – Capitulo especial dedicado à imprensa do PR que se faz de morta na hora de ir atrás do que realmente faz a diferença.
    Todos os atores estão ai , apresentando sinais de enriquecimento não compatível com os rendimentos que dizem e conseguem comprovar e NINGUEM foi investigar pra valer.
    Troca o nome do envolvido de richa pra Haddad e tudo ia mudar de figura, principalmente a abordagem.

    A única coisa boa disso é mostrar que a leniência é o método de trabalho daqueles que se dizem os guardiões da legalidade e moralidade como é o consórcio mídia judiciário.

  11. Ótimo comentário. Se há algum candidato ao governo do estado que seja sério e honesto ao falar sobre o combate à corrupção, para ele este tema das falcatruas nos pedágios deve ser o principal, seguido pelos demais em curso na justiça. Aguardemos.
    .
    Por outro lado, se nenhum candidato assumir esta bandeira de revelar, denunciar e combater na justiça estas barbáries contra o povo……………..

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