O verdadeiro preço da moda

(por Claudio Henrique de Castro) – Havia uma indústria terceirizada de confecção de roupas para grandes marcas globais. A fábrica não tinha condições mínimas de segurança, num prédio impróprio para a produção, explorando pessoas carentes, num regime de quase escravidão.

Os empregados avisaram sobre as rachaduras no prédio, mas os executivos globais os obrigaram a permanecerem dentro da fábrica, trabalhando e trabalhando.

Era 24 de abril de 2013 e o Rana Plaza, na periferia de Daca, em Bangladesh desabava, em face do descaso com a segurança e a superlotação, foram 1.137 vítimas fatais, o maior acidente industrial do mundo civilizado.

Bangladesh é o segundo maior exportador de produtos têxteis do mundo, depois da China, e possui mais de 4.500 fábricas, das quais poucas cumprem as regras de segurança.

O proprietário do Rana Plaza foi condenado a três anos de prisão e as marcas globais ainda não indenizaram as famílias das vítimas, o que demonstra que o sistema legal beneficia os infratores.

O documentário “O verdadeiro preço da moda” (The true cost, diretor Andrew Morgan, disponível no youtube) mostra que a boa parte das indústrias globais de roupas e outros produtos se utiliza dos trabalhadores do hemisfério sul para a sua produzir a baixo custo. Por exemplo, uma peça é fabricada por 10 centavos a vendida por 40 dólares.

Nos EUA, que terceirizaram 98% da sua produção para dezenas de países hospedeiros, até pela poluição que fica nestes países, editou leis que proíbem que as peças nas suas etiquetas tragam a origem dos países nos quais foram produzidas.

Os continentes mais afetados são a África, a Ásia e a América do Sul, que por meio dos subempregos e a terceirização da produção produzem a grande riqueza das marcas globais.

Lembremos ainda, dos “navios fábricas” que ficam produzindo com centenas de pessoas nos seus porões e vagando em alto mar para não terem a incidência das leis nacionais, na proteção dos trabalhadores.

Os consumidores podem mudar este cenário, pesquisando as marcas que consumem e, principalmente, valorizando a produção local.

Os países que hospedam essas marcas globais por meio da terceirização devem editar leis que proíbam o trabalho infantil, coíbam a redução análoga à escravidão e fundamentalmente, atuar na fiscalização. Ainda não é o caso do Brasil, onde o trabalho escravo tem aumentado e a terceirização é um grande negócio.

Também devem ser cobrados os investimentos sociais dessas empresas e, fundamentalmente, a conscientização dos consumidores sobre os produtos que adquirem.

Estamos conectados aos corações e as mãos que produzem o que consumimos.

4 COMENTÁRIOS

  1. Povo pobre, empresariado pobre. Vão descobrir o porque ali na frente, logo, logo. Mas quanto ao Temer, já fez uma coisa boa pelo menos. Flexibilizou o horário da Voz do Brasil, olhaí. Ficam só criticando o cara, povo ingrato!

  2. Só lembrando que o Brasil agora faz parte dos países onde vc pode explorar o trabalhador, ate o osso mesmo, é um dos legados de Temer, fácil de criticar, difícil de fazer, sim…o camarada conseguiu em dois anos estragar 20 anos de trabalho anterior…subjugou a população, claro, a sua parcela mais pobre, à miséria novamente. Empresas que gostam de vender caro e pagar barato…podem vir ao Brasil, aqui agora , também é vosso paraíso. O Temer jura que com apoio de Maia tocou a reforma trabalhista pq as federações de industrias pediram como preço pelo total e incondicional apoio e pressão ao impeachment por meio de notas e patrocínio de passeatas, as federações negam, o povo se lasca, na verdade o pato caro de borracha ou plástico amarela, foi pago pelo povo, literal e diretamente.

  3. É bom que este acidente seja lembrado. eu nao sabia de todas as informações aqui prestadas. por exemplo, comprei vários casacos em Helsinque , todos feitos em Bangladesh para a HM. Não saíram caro para mim , mas saíram caro para alguém. as vezes penso que escravidão só acontece em belem e em são Paulo onde bolivianos são explorados para fazer roupa para a zara, a marisa, cya, pernambucanas, fórum, zoomp, m. officer… meus casacos não são lícitos descubro agora… :(

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