Os brasileiros podem pedir à ministra dos Direitos Humanos e da Igualdade Racial Luislinda Valois que vá para casa, calce sua sandália havaiana e passe a viver exclusivamente dos proventos de desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça da Bahia.
Ou melhor, teria sido mais conveniente que não tivesse aceitado o convite de Temer para assumir o ministério, pois já sabia – impossível não saber! – que não poderia acumular os vencimentos da magistratura com os de ministra de Estado sem ferir a regra simples de que nenhum servidor público pode ganhar acima do que recebe um ministro do Superior Tribunal Federal (STF), R$ 33 mil.
Em um documento de 200 e tantas páginas em que pediu ao governo para receber cumulativamente as duas remunerações – de desembargadora aposentada e de ministra – saiu-se com um disparate que a torna indigna do cargo que ocupa. Argumentou que, por causa do teto constitucional, só pode ficar com R$ 33,7 mil do total das rendas.
A ministra diz que essa situação, “sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo, o que também é rejeitado, peremptoriamente, pela legislação brasileira desde os idos de 1888 com a Lei da Abolição da Escravatura”.
Sem os dois salários juntos na conta bancária, Luislinda diz ter dificuldades para ser ministra porque o exercício do cargo lhe impõe custos altos, como se “vestir com dignidade” e “usar maquiagem”.
Revelado o documento pelo Estadão nesta quinta-feira (2) não se poderia esperar da opinião pública outra reação que não fosse de indignação. Diante da repercussão, a ministra retirou o pedido. É pouco. Deveria se retirar também do ministério.
Uma ministra dos direitos humanos que como seu primeiro ato trata de seu próprio humano umbigo, e da pior forma possível – país da piada pronta de mal gosto!