O Paraná na solidão coletiva

(por Ruth Bolognese) – A rica e pacata Umurama, Noroeste do Paraná, revoltou-se com o sequestro e morte de Tábata Fabiana Crespilho da Rosa, de 6 anos. Um grupo de pessoas depredou 12 carros, queimou alguns, e invadiu a delegacia para linchar o acusado, um homem de 30 anos.

Em junho, dois meninos, Luiz Felipe Machado, 2 anos, de Telêmaco Borba, região central do Estado e Brayan Raad Fonseca, 1 ano, de Cerro Azul, região Sul, também desapareceram.

Tragédias como essas são praticamente impossíveis de se evitar, diz a polícia e é verdade. E o serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas, Sicride, tem bons resultados de investigação: dos 1 500 casos de crianças desaparecidas no Paraná nos últimos 13 anos apenas 9 deles não foram solucionados.

E a Polícia está alerta. Na semana passada, fui impedida de embarcar na rodoviária de Curitiba com os netos Ricardo e Inácio, de 2 e 3 anos, porque os sobrenomes dos documentos dos guris não coincidiam com o meu. Obedeci, sem chiar. A praia teve que esperar.

Mas a reação da população de Umuarama diante de um crime hediondo como o da menina Tábata reverbera a total descrença na capacidade de nossas autoridades para solucionar qualquer problema que envolva as questões públicas.

É um conjunto de atitudes, na verdade – que vai do roubo do dinheiro público até o discurso mentiroso e sem conexão com a realidade – que nos coloca na solidão coletiva.

E o Paraná não foge à regra. A maior investigação do Ministério Público local trata da acusação ( e com um caminhão de provas) do desvio de mais de R$30 milhões destinado à reformas e construções de escolas para a campanha de reeleição do governador Beto Richa.

Desviou-se dinheiro de reformas e construção de escolas, Gente! O governador, ele próprio, roubou o dinheiro das crianças? O Ministério Público vai acabar chegando aos finalmentes. A omissão, no entanto, já é fato consumado.

Outros desvios, outros escândalos rolam por aí enquanto os nossos representantes legais travam uma luta surda nos bastidores para garantir os votos no ano que vem. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, brinca de governar a cidade, inaugurando estátuas da Casa China. E a fila não anda nos postos de saúde.

A indiferença de quem deveria nos defender gera o inconformismo e a resposta radical, violenta e sem controle. No fundo, somos todos Umuarama, buscando justiça para a menina Tábata. Aos menos, justiça.

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