O Paraná e a República do Paraná

(por Ruth Bolognese) – Há 4 anos, desde quando a Operação Lava Jato começou a brilhar, nós paranaenses vivemos em dois mundos paralelos: o nosso, o de sempre, como população integrada dentro de suas próprias fronteiras, plantando alimentos, trabalhando e colhendo a sobrevivência. E o outro, onde reina o juiz Sérgio Moro, condutor absolutista da República do Paraná, um território que abrigou o maior empreiteiro do país, Marcelo Odebrecht, e hoje é endereço oficial, digamos assim, do ex-presidente Lula.

O Paraná e a República do Paraná são interdependentes e o que acontece por lá não tem nada a ver com nossa parcela araucariana. Independe de nossas ações e vontades. Tanto assim que nossas lideranças maiores acompanham, como o mais comum dos mortais, os acontecimentos comandados por Sérgio Moro, pelos Promotores Federais e pela Polícia Federal. Somos chamados apenas quando a força policial se faz necessária, obedecendo ao critério determinado pela Justiça e pela Polícia no âmbito federal.

Ontem a prefeitura de Curitiba entrou como coadjuvante na chegada do ex-presidente Lula à sede da Polícia Federal e a Polícia Militar também. A prefeitura como guardiã do território da capital e a PM como força para impedir maiores estragos dos manifestantes. Diante do tumulto nas imediações da sede da Polícia Federal em Curitiba, a governadora recém empossada, Cida Borghetti, disse que o Paraná quer paz, numa declaração tão ampla e bem montada quanto de efeito zero.

Nenhum paranaense, como tal, teve qualquer influência na prisão do ex-presidente Lula e seus efeitos. O próprio juiz Sérgio Moro, mesmo sendo maringaense, agiu como juiz federal e celebridade-mor da Operação Lava Jato. A paz da Governadora, portanto, não depende dela, nem de se querer ou não. O ex-governador Beto Richa, que mais tempo passou no cargo em paralelo com a Lava Jato, sempre agiu como se a República do Paraná fosse, na verdade, no Piauí. Nunca tomou conhecimento, sequer.

Tudo isso é bom ou ruim para o Paraná? Nem uma coisa nem outra. Estamos na condição do caboclo dono da terra onde caiu um meteorito: a fama é interessante, a gente até gosta, mas no fim das contas, o território foi apenas uma coincidência, uai.

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