É provável que Beto Richa já esteja avaliando a possibilidade de desistir de sua anunciada candidatura ao Senado. O turbilhão de denúncias e malfeitos que pesa sobre suas condutas e de assessores próximos e distantes durante as gestões do ex-governador é mais do que suficiente para torná-lo alvo da metralhadora dos adversários ou do abandono de alguns de aliados.
Tudo parecia levar à certeza de que a Beto já estava reservada uma das vagas de candidato ao Senado na chapa de reeleição da governadora Cida Borghetti. O PSDB foi um dos primeiros partidos a se oferecer para compor a aliança. Fazia parte do acordo político que Richa cedesse a vaga de governador à vice e, em troca, fosse o candidato “oficial” a senador da chapa encabeçada por Cida. A certeza, no entanto, está se transformando rapidamente em incerteza.
Os sinais emitidos pelo Palácio Iguaçu desde a posse da nova titular no dia 7 de abril permitem perceber que está em marcha um projeto de “descolamento” das imagens. O pragmático orientador político de Cida, seu marido deputado Ricardo Barros, sabe que a campanha não terá o sucesso mínimo que deseja – isto é, levar a mulher à disputa do segundo turno – se tiver de carregar o peso do falatório contra Richa que certamente dominará o debate se ele fizer parte da chapa.
O calvário de Beto Richa não cessará tão logo. As manchas já reveladas pela simples menção de seu nome em inquéritos que estavam pendentes no STJ e no STF tendem a ganhar mais amplitude e concretude com o avanço, que se supõe mais rápido, que os casos terão a partir de agora na primeira instância. As delações já firmadas ou em fase de negociação de Maurício Fanini (Operação Quadro Negro) e de Nelson Leal Jr. (Operação Integração) aumentarão a intensidade do fogo que arde sob a já quente chapa sobre a qual saltita o ex-governador.
Não é improvável que prisões de pessoas ligadas ao seu grupo aconteçam com o caminhar mais acelerado das investigações – munição ainda mais explosiva para alimentar o arsenal dos adversários – nesta ante-véspera da campanha e mesmo durante. O que é motivo para uma decisão pessoal do próprio Richa, independentemente da vontade dos que ele considerava aliados, de avaliar a conveniência de manter a candidatura em meio ao maremoto.