O governador de fato e o Outro

(por Ruth Bolognese) –  A figura mais poderosa  no governo do Paraná é o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. É ele, de fato, quem governa, porque não sai de casa sem a chave do cofre no bolso, o que nos recoloca na condição histórica de Quinta Província, sempre dependente de paulistas na solução dos nossos problemas.

Desde aqueles loucos dias de abril, quando professores ensanguentados bradavam contra o governo no Centro Cívico, o afável Mauro Ricardo cumpriu rigorosamente seu papel. Papel que lhe foi dado pela cúpula tucana, para evitar que o então menino prodígio, Beto Richa, afundasse a economia do Paraná na herança maldita que o antecessor havia deixado. E como se sabe, o nome do antecessor é Beto Richa.

Nesta semana, Mauro Ricardo vai explicar o Pacote Fiscal de Agosto. E repete-se o mesmo roteiro, onde o secretário da Fazenda pega uma pasta com a inscrição na capa, em letras garrafais “PACOTE FISCAL – AGOSTO 2017” vai até o gabinete do terceiro andar do Palácio Iguaçu e informa que ali estão as informações básicas.

A pasta contém apenas uma folha de papel amarelado, datada de 01/01/2015, onde se lê: a) reduzir salários, vantagens, cafezinho, papel higiênico e hora extra de todo o funcionalismo; b) cortar gastos; cortar gastos e cortar gastos. FIM.

A reação do Governador é sempre a mesma: “me chame o Rossoni”. Informado por um assessor que o presidente da Assembleia é outro, o governador se corrige imediatamente: “eu mandei chamar o Hermas, vocês é que não entenderam, oras”. Na quarta tentativa, o Ademar Traiano é informado que o Pacote de Agosto precisa ser aprovado pela Assembleia e tudo fica resolvido.

Nada contra o secretário da Fazenda made in São Paulo. Se importamos até café, por que não um administrador de empresas forjado em governos como o Kassab na prefeitura de São Paulo, José Serra, no governo e até ACM Neto em Salvador. Ele também teve uma passagem por Minas, por conta de Aécio Neves, mas prefere não falar sobre isso.

Mas, pelo andar do carro oficial, chegará o dia em que o afável Mauro Ricardo terá que levar ao governador uma medida indesejável, porém inadiável. Sem mais servidores pra pagar e sem mais nenhum corte de gastos pra fazer, restará a extrema unção: quem vai ficar no cargo, o governador de fato, Mauro Ricardo, ou o Outro, Beto Richa?

“Chama o Rossoni, quer dizer, o Hermas Brandão, quer dizer o Aníbal Khuri… já morreu? E como não me informaram, catso? Quem está lá?”

 

1 COMENTÁRIO

  1. Mas, segundo noticiado, o interventor não se vexa em acompanhar o governador-família do PR – ambos com suas esposas – a uma viagem de 10 dias para Londres sob o argumento de uma magistral palestra em congresso, a ser proferida para inglês ver, sobre a solucionática dada à problemática das contas públicas do Estado. Repercussão: ZERO ! A conta, ora, a conta, foi do erário, afinal, o interventor tem a chave.

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