O 1% de reajuste promete vale-tudo na Assembleia hoje

Existe uma premissa indesmentível: data-base é lei. E é na data-base que as categorias profissionais, sejam do setor privado ou do público, esperam receber no mínimo a reposição dos índices que a inflação corroeu dos seus salários.

Em 2016, o ex-governador Beto Richa resolveu que data-base para o funcionalismo não valia nada. Congelou os salários por tempo indefinido. Desde então, a inflação comeu cerca de 15% da renda dos servidores.

Candidata à reeleição, a governadora Cida Borghetti, que como vice assumiu o lugar de Richa, decidiu que o congelamento deveria ser rompido. Andou falando em repor pelo menos a inflação dos últimos 12 meses, 2,76%. Mas nesta segunda-feira surpreendeu todo mundo ao anunciar que só daria 1%. Soou como piada, os servidores protestaram, deputados intervieram no debate – mas hoje a Assembleia Legislativa deve votar o projeto.

Se fosse nos tempos de Beto Richa, nem que fosse preciso usar camburão, os deputados aprovariam calma e obedientemente a ordem.

Mas os tempos agora são outros e só faltam três meses para a eleição. Então, os deputados querem tirar sua “casquinha” e prometem na sessão desta terça (26), com ajuda das galerias, fazer barulho para que o reajuste alcance no mínimo os tais 2,76% dos últimos 12 meses.

À frente da resistência à proposta de Cida estará o deputado Ratinho Jr. (PSD), que comanda também a bancada do PSC e soma cerca de 20 votos.

O detalhe é que Ratinho era secretário do governo que congelou os salários, mas hoje, como também é candidato ao governo e tem como adversária a governadora candidata à reeleição, investe na possibilidade agradar o funcionalismo – um esforço para se colocar contra o governo do qual participou e distante da concorrente que pertence, queira ou não, ao mesmo campo político – isto é, a situação.

A torcida (justa) do funcionalismo é para que Ratinho Jr. tenha sucesso na sua empreitada. Mas não há como não perceber alta dose de oportunismo.

2 COMENTÁRIOS

  1. Dessa vez não tem camburão porque deve estar quebrado, assim como todo o resto. Não tem comida, não tem colete, não tem arma, não tem farda, não tem Comando, não tem vergonha na cara!

  2. 1%: indecência e hipocrisia …

    Desde janeiro de 2016 o funcionalismo do Poder Executivo do Poder Executivo está com os mesmos salários. Só eles !

    Todos os demais, justamente os mais abonados, tiveram suas datas bases e várias “benesses”.

    A perda total dá quase 12%. 1% é pouco, o resto é INDIGNAÇÃO ! Tudo aumentou e continua a aumentar !

    Agora, sem previdência (falida) e com míseros salários !

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