Com todo o respeito às nossas “ídalas” históricas ou contemporâneas, da doméstica-mártir Maria Bueno à catarinense Zilda Arns, só para lembrar que são poucas, pouquíssimas, nenhuma delas se aproxima da senadora Gleisi Hoffmann (PT) em termos de ousadia e persistência. Para o bem e para o mal.
A crítica mais leal que se pode fazer à loira é que segue com os olhos bem fechados a cartilha do PT. E nessa trilha, chegou ao cargo mais alto já ocupado por uma representante do Paraná num governo em Brasília, o de Ministra Chefe da Casa Civil de Dilma.
Pelo caminho, ouviu e viveu de tudo: execrada pelo machismo dos “cavalheiros” da imprensa brasileira, foi exposta a um nível tal de baixarias que, sinceramente, poucas de nós, emancipadas, plastificadas ou não, teriam peito para aguentar. Fotos de calcinhas à mostra, romances clandestinos, o apelido devastador de “Amante” em listas de propina, descrição minuciosa de cirurgias estéticas, só não foi chamada de “Santa”.
E a moça não arreda o pé. Ocupou a Mesa do Senado com as Colegas para evitar a Reforma Trabalhista – ato absolutamente condizente com a zona em que se transformou o Parlamento. E já discursou em Plenário com um cocar indígena de festa infantil, num dos piores atentados ao bom gosto e à própria causa desde que Cabral desceu daquela nau. Deu até dó dos índios, coitados.
Vergonha alheia para o Paraná? Ora, o nosso Blue Eyes cuspiu mamona no tapete presidencial e o mais novo senador do Podemos já recorreu a arame de ouro russo para manter o semblante de 55 anos atrás! Ela é petista, comunista? Na democracia impar em que vivemos o Tiririca é cearense, o Romario está muito magro e o Greca é…gordo.
Gleisi bate e rebate em Brasília. E ninguém levantou sequer uma unha postiça para separar a Gleisi de Gleisi: se prevaricou, corrompeu-se, afundou o pé na lama com a Companheirada, a Força-tarefa está aí para juntar as provas e condena-la.
Fora disso, tudo o que se joga sobre ela, como mulher, é dano moral da pior espécie. As paranaenses estão lhe devendo um desagravo básico. No mínimo. (Ruth Bollognese)