Por trás deste “Manifesto de Apoio”, uma lição de vida que certamente fez Geddel Vieira Lima compreender a grande diferença de significado entre as palavras solidário e solitário.
Em novembro de 2016, o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, acusou o Geddel Vieira Lima, que ocupava o cargo de ministro da Secretaria de Governo, de pressioná-lo para liberasse a construção de um edifício na área histórica de Salvador. Geddel era proprietário de um dos apartamentos. Calero avisou Temer e, segundo correu à época, até teria gravado sua conversa com o presidente para, em seguida, pedir demissão.
Todo poderoso no governo, Geddel conquistou apoio de todos os líderes e vice-líderes na Câmara dos Deputados. Em carta, derramaram-se em elogios ao ministro, que, dias depois, seria também obrigado a pedir demissão, para tristeza de Michel Temer.
Na carta, 23 deputados representando todos os partidos da base externavam “nosso amplo e irrestrito apoio e confiança no trabalho que vem sendo realizado pelo Ministro Geddel Vieira Lima”.
Não se viu nenhum destes 23 deputados ontem, sexta-feira, na recepção a Geddel no aeroporto de Brasília, trazido por um jatinho da Polícia Federal para ser encaminhado à penitenciária da Papuda. Não se ouviu uma só palavra de solidariedade do mundo político a que pertencia Geddel. Ninguém perguntou de onde o “protagonista das sucessivas vitórias que o governo vem obtendo nesse Parlamento” conseguiu arranjar e esconder os R$ 51 milhões em dinheiro vivo encontrados pela PF.
O escritor Otto Lara Rezende escreveu que “o mineiro só é solidário no câncer”. Geddel é baiano, mas nem na Bahia, nem do amigo Michel Temer nem de nenhum de seus colegas políticos, ouviu uma só palavra de solidariedade.
Nestas ocasiões é que se aprende a diferença entre as palavras solidário e solitário.