Museu homenageia vida e obra do fotógrafo curitibano Kalkbrenner

O Museu da Imagem do Som do Paraná (MIS-PR) abre nesta quinta-feira (10), em Curitiba,  a exposição “Kalk – 91 anos de história”, que homenageia a trajetória do curitibano José Kalkbrenner Filho, expert da fotografia publicitária e do fotojornalismo.

Com a curadoria de Sérgio Sade, a mostra conta o passado ainda tão vivo na memória de Kalk por meio de retratos, histórias e objetos pessoais que enfatizam a carreira de quem se tornou um nome de referência em fotografia e influenciador de gerações.

Nessa viagem pelos 91 anos da vida de Kalk estão lembranças de diferentes períodos, desde a sua estreia no fotojornalismo, sua paixão e desempenho no ciclismo, seu pioneirismo na indústria publicitária paranaense, até chegar aos dias de hoje, em que faz maravilhosas imagens com sua câmera por hobby.

O início

Com apenas 14 anos, Kalk teve seus primeiros contatos com a fotografia, ainda como office-boy do laboratório fotográfico Carlos Boutin, em Curitiba. Com o passar do tempo, ali aprendeu a mexer nas máquinas, revelar filmes e tirar fotos.

Aliado à fotografia, em 1947 Kalk se envolveu com o ciclismo. Segundo ele, entrou no esporte da mesma forma que entrou na fotografia: “não sabendo nada’”. Mesmo que por acaso, em pouco tempo começava a correr na seleção brasileira de ciclismo.

Como atleta, se tornou um talento e, em 1950, chegou a representar o país em uma competição sul-americana no Uruguai, onde foi chamado para morar em Montevideo. O convite foi interrompido pelo amigo e jornalista João Silveira Filho, que o chamou para trabalhar como fotojornalista na Gazeta do Povo.

Sérgio, o curador, brinca: “perdemos um campeão de ciclismo e ganhamos um excelente fotógrafo”.

Ao falar sobre sua atuação, Kalk reforça que não sabia de nada, no entanto, a realidade provou o contrário. Autodidata, o fotógrafo sempre esteve em busca da melhor foto para estampar as manchetes.

Ele revela que, para além da fotografia social, foi o fotojornalismo que realmente marcou a sua vida. Sob sua lente, já se passaram toda a sorte de eventos, desde os bailes da Capital até os cliques trágicos, como um acidente de avião.

Passando pelos jornais Gazeta do Povo e Diário do Paraná, além da sua experiência com fotografia documental no Instituto Brasileiro do Café, Kalk fez seu nome na cultura paranaense, sendo reconhecido local e nacionalmente por suas fotos.

Pioneirismo

Após ter chegado a fotografar mais de 800 debutantes para o estúdio Foto Paris, em 1962, Kalk abandonou de vez o fotojornalismo e empreendeu na publicidade. Juntamente com os sócios Helmuth Wagner e Maria Luiza Richlin, fundou o estúdio Fototécnica, o primeiro especializado em fotografia publicitária do Paraná.

O nome da empresa exemplifica exatamente o serviço e produto – a destreza técnica de Kalk era algo que impressionava e trazia excelentes resultados, entre o seu olhar matemático para a regulagens de obturadores, abertura de diafragma e posição de refletores.

“É, quando a luz está perfeita, você não erra”, brinca Kalk, dizendo que muitas das fotos demoravam dias para serem registradas, por conta da montagem das estruturas.

Ele, que hoje tira fotos por hobby, afirma que consegue lembrar cada detalhe das fotografias já tiradas. “Eu volto a viver todos os momentos ao olhar uma foto. Na minha mente, consigo ver até o diretor de arte bem aqui na minha frente”.

Memória

“Kalk – 91 anos de história” inaugura o projeto Memória Viva, iniciativa da diretora do MIS-PR, Mirele Camargo, que pretende organizar ações, exposições e mostras para homenagear a trajetória de agentes culturais ainda em vida. “Homenagens póstumas são bonitas, mas ficam no ar. Queremos enaltecer as jornadas das pessoas vivas”, diz Mirele.

Por meio do trabalho de pesquisa e curadoria de Sérgio Sade, esta é a primeira vez que as fotos de Kalk passam por uma exposição. Desdobrando caixas e mais caixas de fotos e documentos do amigo, Sérgio esteve maravilhado ao descobrir fotos pessoais de Kalk.

Sobre sua jornada, “tudo o que tiver de acontecer, vai acontecer”, diz o homenageado, que encarou o acaso em suas escolhas com muita coragem e senso prático, trilhando um curioso percurso de vida.(AEN; foto: Kraw Penas/Secc).

 

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