Morreu nesta terça-feira (3), aos 93 anos, no Rio de Janeiro, o pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão. A Editora 34, que lançava seus livros, confirmou a notícia, sem informar a causa da morte.
Um dos mais respeitados historiadores da nossa música, Tinhorão foi considerado, por muitos anos, a mais perfeita encarnação do temido crítico musical. Exigente e polêmico, Tinhorão teve atritos com a turma da Bossa Nova e da MPB por defender que aquele tipo de música não era realmente brasileiro, segundo ele.
Como todo bom pesquisador, Tinhorão era um colecionador de discos. Seu acervo chegou a ter cerca de 13 mil LPs, entre76, 78 e 33 rpm, a biblioteca teve 14 mil livros sobre cultura popular e mais de 35 mil documentos, como partituras, jornais e fotografias.
O material gigantesco, revelou o jornal “O Tempo” em 2010, chegou a fazer Tinhorão ter que dormir num saco de dormir no quitinete para onde se mudou quando se separou. A história foi contada na biografia “Tinhorão – O legendário”, assinada por Elizabeth Lorenzotti.
O arquivo foi comprado pelo Instituto Moreira Salles em 2001, e Tinhorão comemorou a venda para permitir o acesso ao que chamava de “patrimônio intelectual”. O IMS fez uma exposição com destaques do acervo.
Marxista ferrenho e natural de Santos, ele fez sua carreira acadêmica e profissional no Rio de Janeiro, onde se formou em Direito e Filosofia na década de 1940. Como jornalista, passou por diversas redações, como da revista “Veja”, do jornal “Última Hora” e na TV Globo.Mais tarde, em meados dos anos 1970, se consolidou como redator e colaborador do “Jornal do Brasil” no Caderno B e nos Cadernos de Estudos Brasileiros.
No campo da pesquisa, ele escreveu mais de vinte livros sobre música brasileira, como “História Social da Música Popular Brasileira”, “As Origens da Canção Urbana” e “A Música Popular no Romance Brasileiro”. (De O Globo).