Diante da informação dada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e Gilmar Mendes de que o dossiê sobre antifascistas começou a ser produzido antes de André Mendonça (foto) assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-ministro Sergio Moro disse nesta quinta-feira (20) que “desconhece qualquer relatório de inteligência sobre movimentos antifascistas produzido durante a sua gestão”. Durante o julgamento no STF sobre um pedido do partido Rede para barrar o dossiê, os ministros disseram que não podem responsabilizar o atual ministro, pois o dossiê teria sido requisitado no dia 24 de abril, quando Sergio Moro entregou sua carta de demissão.
Segundo a assessoria de Moro, “o relatório divulgado na imprensa seria de junho de 2020 e teria sido requisitado após a sua saída do Ministério. Causa estranheza a suposta requisição de um relatório, justamente no dia 24 de abril, dia em que Sergio Moro deixou o governo. O trabalho do ex-ministro sempre foi pautado pela legalidade, ética e respeito à Constituição Federal.”
Fachin e Mendes destacaram a existência de um documento interno, intitulado “pedido de busca”, do dia 24 de abril — data em que Sergio Moro deixou a pasta — , em que foram solicitadas “informações sobre denominado movimento antifascista de agentes de segurança pública no Rio de Janeiro e em outras unidades da federação”. O documento pedia ainda dados sobre “nível de adesão, principais lideranças, pautas reivindicatórias e outros dados considerados úteis”. Mendonça informou ao Supremo que soube do material pela imprensa e não pediu sua elaboração. Ele tomou posse no cargo em 29 de abril.
Em seu voto, Fachin afirmou que o relatório sobre o movimento antifascista “inicia com pedido de busca no dia 24 de abril deste ano”. “Não me parece ser muito ao acaso essa data. Sabe-se, bastando folhear os periódicos do dia 24 de abril deste ano, que, portanto, não era ainda ministro da Justiça o doutor André Mendonça.”
Gilmar Mendes foi além, ao sugerir que outros relatórios do tipo foram produzidos durante a gestão de Sergio Moro. “É importante lembrar que a data de 24 de abril de 2020 coincide com o último dia da gestão do ex-ministro Sergio Moro no Ministério da Justiça, ou seja, dias antes da nomeação do doutor André Mendonça para o cargo. A produção desses relatórios tem ocorrido durante grande parte do tempo de instalação do atual governo, não se tratando apenas de atos especificamente praticados na atual gestão da pasta da Justiça”, afirmou. (Com informações de O Antagonista).
E quem acredita em Sérgio Moro, esse dossiê tem a cara exata dele