Em depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito sobre a organização de atos antidemocráticos, o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou que “havia comentários correntes de pessoas de dentro do governo da existência do denominado ‘gabinete do ódio’”.
De acordo com Moro, Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud, assessor de Jair Bolsonaro, “eram normalmente relacionados ao ‘gabinete do ódio’”, descrito pela PF como uma “estrutura montada com a finalidade de produzir e disseminar conteúdos por meio das redes sociais”.
O ex-ministro disse que os próprios ministros do governo, que atuavam dentro do Palácio do Planalto, comentavam sobre a participação dos dois no “gabinete do ódio”.
Nessa parte do depoimento, Moro não citou quais ministros lhe disseram sobre a participação de Carlos e Tercio, mas em outra momento do interrogatório, disse que melhores esclarecimentos, sobre ataques nas redes a autoridades de outros poderes, poderiam ser obtidas, por exemplo, com o então secretário de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o então secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten.
O depoimento foi realizado no em novembro do ano passado. Moro ainda disse que, após sua saída do governo, passou a ser alvo do grupo.
“Quando de sua saída do Ministério de Justiça ocorreram diversos ataques contra sua pessoa em redes sociais; QUE chegou ao seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado ‘gabinete do ódio’”.
Moro disse desconhecer se houve utilização direta de recursos públicos para a produção e disseminação de conteúdos, mas que era necessário verificar se houve a utilização de servidores públicos para isso. (De O Antagonista).