Os moradores de rua agradecem ao prefeito por ter conservado árvores no centro de Curitiba. Como estão proibidos de deixar seus colchões nas calçadas e esconder seus poucos agasalhos em bueiros, eles acharam uma solução ótima: agora penduram o que podem nos galhos – como se vê nesta foto de Maringas Maciel, em plena Boca Maldita, defronte à galeria Tijucas.
Ali tem de tudo: colchões, colchonetes, cobertores, esteiras, sacos de roupas… Cada um sabe o que é seu e à noite um ajuda o outro a estendê-los sob marquises e gramados.
Trata-se de uma inovação introduzida pelo prefeito Rafael Greca, que mandou desmontar os guarda-pertences de que os mendigos dispunham desde que a ex-secretária municipal de Ação Social Márcia Fruet pensou numa solução de lhes garantir um mínimo de dignidade humana. Greca achou que isto era demais e começou fechando o guarda-pertences da Osório para “devolver a praça às crianças”.
Sem os guarda-pertences e a cada noite enxotados de onde se escondem da chuva ou do frio, com agasalhos recolhidos por caminhões da Cavo e confundidos com perigosos membros de carteis do narcotráfico, os moradores de rua não tiveram outra saída: agora as árvores lhes servem de armário e os galhos, de cabides.
O improviso é democrático.