(por Ruth Bolognese) – Pelas escassas informações que o cercam, a mania de repetir a mesma marca, “Green”, nas empresas que cria e pelas facilidades que vem obtendo em seus negócios na base da proximidade com o governo, já podemos dizer que, sim, temos o nosso Eike Batista. Guardadas as devidas proporções, trata-se do incorporador Jorge Theodócio Atherino.
Filho do ex-reitor da Universidade Federal do Paraná Theodócio Atherino, o “Jorginho”, como é conhecido na intimidade familiar, viveu a juventude dourada entre Curitiba e Florianópolis, onde a irmã Chica Atherino teve, desde sempre, uma das mais deslumbrantes casas da Lagoa da Conceição. É um pouco mais velho do que o amigo Beto Richa, e sempre conviveu muito próximo ao poder no Paraná. Os ex-governadores João Elísio Ferraz de Campos e Mário Pereira também estão no seu rol de amigos. Mário Pereira, por exemplo, teve como chefe do cerimonial do Palácio Iguaçu Chica Atherino.
O nome de Jorge Atherino foi citado numa das delações da Odebrecht, junto com o de Beto Richa, nas doações de campanha. Bem, nesse caso, ele, Beto e a torcida do Flamengo. Mas o que marcou a presença do incorporador no governo Beto Richa foi o inquérito aberto em Paranaguá para investigar tráfico de influência e vantagens no Eixo Modal. Ali, Jorginho passou a ser “O Grego”, dono da Green Logística, que obteve licença ambiental do Instituto Ambiental do Paraná para desmatar área próxima à Serra do Mar, protegida por lei federal.
O Grego comprou essa área para estacionamento de caminhões e de containeres apenas um mês antes de o governador Beto Richa assinar um decreto criando o Eixo Modal de Paranaguá. Tudo começou quando se descobriu que a Área de Mata Atlântica foi devastada para permitir a instalação da empresa. Nas investigações que se sucederam, descobriu-se suposto tráfico de influência: Atherino teria usado o nome do governador para apressar o processo de licenciamento.
A partir daí, os Ministérios Públicos Estadual e Federal constataram o fato de que uma empresa, a BFMAR, era uma das sócias do grupo Green Logística. A BFMAR tem as iniciais de Fernanda, Marcelo, André e Rodrigo e tudo indica, conforme conclui o MP que, pelas leis da probabilidade, o “B” só pode ser de Beto.
E agora, surge o Grego como grande incorporador da Região Metropolitana de Curitiba, numa área cortada por uma estrada que o governador Beto Richa mandou asfaltar, instalar benfeitorias, calçadas, ciclovias, etc. etc.
Na verdade, Jorge Atherino entra para a galeria dos parentes muito, muito distantes e amigos do governador Beto Richa, como Luiz Abi e o co-piloto Marcio Albuquerque Lima.
O governador Beto Richa nega qualquer ato de favorecimento ao amigo e diz que todas as notícias que correm sobre ligações empresariais dele com sua família não passam de “ilações insanas”.
Achei desnecessário ser citado o nome de Theodócio Atherino, ex Reitor da Universidade Federal do Paraná, que nada tem haver com os atos cometidos pelo filho. Theodócio Atherino quando vivo sempre foi um homem correto, uma pessoa Ilibada, que não merece seu nome citado neste mar de lama.
Em tempo: qual estrada é essa?
Como diria Galvão: Éééé Hexaaaaa!!!!
Diria melhor, “ilações-família” próprias de um governo-família se fartando do poder …