O conselheiro do Tribunal de Contas, Mauricio Requião, recebeu um documento do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (MG) em que a instituição pede desculpas por ter demitido a ele e a mais sete professores, há mais de 40 anos, “em virtude de uma perseguição política e de um ato de exceção relacionado à ditadura militar vigente à época”.
O comunicado foi aprovado pelo Conselho do Instituto de Psicologia da UFU e dirigido também aos professores Érika Wróbel, Luiz Leite Monteiro (In memoriam), Maria de Fátima José-Silva, José Baus, Sueli Terezinha Ferrero Martin, Regina Sileikis e José Silvio Pimentel. Alguns deles ministraram aulas, posteriormente, em Londrina e Curitiba.
O documento destaca ainda que “tal pedido público de desculpas visa reparar uma injustiça histórica, devidamente reconhecida pela Justiça, que anistiou as/os referidas/os docentes quinze anos após o desenrolar dos fatos que culminaram na injusta expulsão do quadro de docentes de nossa instituição, inclusive com a determinação de reintegração dos mesmos ao quadro funcional da Universidade e condenação da UFU ao pagamento de verbas indenizatórias referentes aos vencimentos correspondentes desde a data da expulsão até o cumprimento da sentença que os anistiou”.
Retratação
Assinado pela professora Maristela de Souza Pereira, diretora do Instituto de Psicologia, a manifestação ressalta ainda: “Esperamos que essa retratação oficial, ainda que tão tardiamente proferida, seja mais um passo em direção à reparação dos danos sofridos pelas vítimas e também rumo ao resgate da memória dos inúmeros abusos cometidos pelo governo de exceção que regeu nosso país por 21 anos, para que tal regime ditatorial nunca mais se repita e que os inúmeros ataques aos Direitos Humanos e ao Estado Democrático que temos presenciado nos últimos anos sejam severamente rechaçados e punidos”.
“Foi um reconhecimento mais do que tardio de mais uma injustiça, entre milhares cometidas pelo regime militar, que infelizmente chega após a morte de um dos atingidos. Mas, enfim, uma manifestação muito importante para todos nós que fomos vítimas do regime de exceção”, destacou Mauricio Requião.