Em pleno exercício interino na Presidência da República para substituir o titular em viagem a Nova Iorque até sexta-feira, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, abriu na noite de ontem (20) uma nova crise para Michel Temer tourear.
Às vésperas de a segunda denúncia contra Michel Temer chegar à Câmara, Maia fez duras críticas ao presidente. Segundo ele, Temer faltou com a palavra e ameaçou com a retaliação do DEM em votações de interesse do governo – principalmente quando chegar à Câmara a segunda denúncia contra o presidente por organização criminosa e obstrução à justiça. O DEM poderá votar pelo recebimento da denúncia, avisou Maia.
Segundo Maia, o mal-estar com o Planalto se deve ao fato de o PMDB ter filiado, no início deste mês, o senador Fernando Bezerra (PE), ex-PSB. O DEM vinha negociando havia meses a migração do parlamentar e de outros deputados para sua legenda. Revoltado contra o assédio do PMDB para emagrecer o PSB e enfraquecer o DEM, Maia foi enfático:
“Se é assim que querem tratar aliados, não sei o que é ser adversário! Que fique registrado. Se depois a bancada do Democratas estiver em alguma votação numa posição divergente do governo, espero que o governo entenda. Entenda que há uma revolta grande na nossa bancada. Não virou rebelião ainda”, disse Maia, que usou expressões fortes.
Maia fez essas declarações no plenário da Câmara, onde foi acompanhar a votação da reforma política. Ele disse que enviou uma mensagem a Temer sobre esse descontentamento. O presidente está em viagem aos Estados Unidos.
“Na primeira denúncia Temer fez questão de jantar comigo e disse não ter interesse do PMDB nos parlamentares do PSB. Não é o que temos visto nas últimas semanas. E com participações de ministros do governo, como foram os casos de Eliseu Padilha e Moreira Franco”.