A defesa de Lula tem até esta segunda-feira (7) para se manifestar sobre dois pedidos de transferência do ex-presidente da sede da Polícia Federal, em Curitiba, para outro lugar. Um dos pedidos é da própria PF, que reclama de duas coisas: os custo de R$ 300 mil para manter aparato exclusivo para o prisioneiro e a quebra da rotina dos serviços que presta ao público no local, dentre os quais a emissão de passaportes.
Outro pedido é da prefeitura de Curitiba, que alega o fato de o prédio da Polícia Federal não dispor de alvará municipal para funcionar como presídio, além dos incômodos à população da redondeza – uma área residencial calma agora agitada pela presença de militantes barulhentos que acampam defronte à sede da PF ou num terreno próximo.
Os advogados de Lula e mesmo líderes do Partido dos Trabalhadores são contra a mudança do ex-presidente para outro local. “Aqui, ao menos, ele tem alguma dignidade”, disse o petista Jaques Wagner, após visitá-lo na última quinta-feira.
Até o jornal El País, da Espanha, acompanha a situação. Em reportagem que publica nesta nesta segunda, exatamente quando completa um mês da prisão de Lula, a versão eletrônica do jornal descreve os dias vividos no bairro Santa Cândida:
“Bom dia, presidente Lula!”. São 9h e a saudação anuncia o começo do dia na porta do prédio da Polícia Federal em Curitiba, onde Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em 7 de abril, após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão pela Operação Lava Jato. Há um mês, o tranquilo bairro de Santa Cândida, uma área de classe média, está agitado. Um grupo de apoiadores do ex-presidente se reveza na frente do prédio para manter uma vigília constante que, prometem, só acabará quando o petista for solto. É uma espera. Mas não sem alguma rotina. Após o bom dia, uma tenda móvel montada na rua recebe shows e discussões políticas. Às 19h, um “boa noite, presidente Lula”, amplificado por um microfone e uma caixa de som, marca o fim das atividades. Na próxima manhã, tudo recomeçará.
O objetivo do ato permanente, coordenado pelo PT e organizações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Sem-Terra (MST), é mostrar ao ex-presidente —e dar um recado público— de que ele não está isolado. É difícil, entretanto, que Lula consiga escutá-los. Sua cela, no quarto andar, fica nos fundos do prédio e a única janela se abre para um pátio interno. Nestes 15 metros quadrados, o presidente mais popular do Brasil está sozinho. Cumpre sua pena em uma sala especial, por ter sido chefe de Estado. Há uma cama, um banheiro privativo e uma porta normal, ao invés de grades. Uma vez por dia, durante duas horas, ele toma banho de sol em um terraço.
Além de Lula, a sede da PF de Curitiba abriga outros 21 presos no momento. Ela foi pensada para ser um lugar de passagem para detidos geralmente em flagrante. Mas desde o início da Lava Jato, passou a manter de forma mais permanente investigados que negociam delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena. É lá que está, por exemplo, Léo Pinheiro, o executivo da OAS cujo depoimento foi determinante para a prisão do ex-presidente —ele afirmou que o triplex do Guarujá pertencia a Lula. E Antonio Palocci, ex-ministro petista, que deve delatar o antigo chefe em breve. Estar ali é mais confortável do que estar em um presídio comum. “Aqui, ao menos, ele tem alguma dignidade”, disse o petista Jaques Wagner, após visitá-lo na última quinta-feira.
Por isso, a defesa do ex-presidente não pediu ainda sua transferência para um lugar mais próximo da família, como é de costume. Terá até esta segunda-feira para se manifestar sobre dois pedidos de transferência feitos na Justiça. O primeiro, pela Polícia Federal, que diz que o custo de mantê-lo ali é muito alto —cerca de 300.000 reais por mês com a segurança extra dentro e fora do prédio, onde todo o quarteirão está isolado por barreiras policiais. O segundo, pela Prefeitura de Curitiba, que afirma que moradores do entorno do prédio estão incomodados com o barulho dos apoiadores e as barreiras da polícia, que só deixam passar quem mostra comprovante residencial. “É uma dificuldade de entrar e sair que muda nossa rotina”, conta o aposentado Antônio Rosa, 69 anos. “Mas o que enche a paciência mesmo é o barulho, esse bom dia, Lula, boa noite, Lula. Aqui sempre foi um lugar calmo”.
300 mil…mas tão ganhando bem esses cabras hein…. Vamos abrir para a transparência os salários aí …pq é muito desequilíbrio financeiro …