Para a política paranaense, o ano de 1971 foi um dos mais agitados da história. E a figura central daquele ano foi um advogado carioca que, 20 anos antes, passou a morar em Maringá, onde virou fazendeiro, professor e político, chegando a ser governador nomeado do Paraná.
A história desse político e, principalmente, do seu curto governo são o tema do livro “1971 – Conspiração, conflitos, corrupção: a queda de Haroldo Leon Peres”, de autoria do historiador Jair Elias dos Santos e do o jornalista Jean Feder. A obra, com muitos detalhes, e está sendo finalizada e será lançada em breve.
Leon Peres foi deputado estadual por duas vezes (1958 e 1962) pela antiga UDN. Em 1964, apoiou o golpe que destituiu o governo João Goulart. E, em 1966, já pela Arena, elegeu-se deputado federal.
Ligado ao presidente Emílio Médici, conseguiu ser indicado, em fins de 1970, ao cargo de governador do Paraná, contrariando tanto o governador Paulo Pimentel quanto o ex-governador Ney Braga. Leon Peres assumiu no dia 15 de março de 1971 para governar o Estado até 1975.
Apenas algumas semanas após ter tomado posse, porém, envolveu-se em atritos com a Assembléia Legislativa e com o Tribunal de Justiça, tendo recorrido por duas vezes ao Supremo Tribunal Federal (STF), inicialmente para sustar o decreto do Tribunal de Justiça que aumentava os vencimentos da magistratura e, depois, para garantir a realização de reformas na Constituição do Paraná que haviam sido anuladas pelo Tribunal de Justiça. Na ocasião ordenou que a polícia invadisse redações de jornais e estúdios de televisão — alguns dos quais de propriedade do ex-governador Paulo Pimentel — que criticavam sua atuação no governo do Estado.
No início de novembro de 1971, foi advertido pelo então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, de que deveria renunciar ao governo do Paraná diante do rumo que tomava um processo movido contra ele por corrupção. Era acusado de haver exigido do empreiteiro Cecílio Rego de Almeida um depósito de um milhão de dólares no exterior para liberar o pagamento de 60 milhões de cruzeiros devidos pelo Estado pela construção da Estrada de Ferro Central do Paraná.A conversa dele com o empreiteiro, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, teria sido gravada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), mas nunca houve confirmação. Havia também outras acusações contra ele.
No dia 23 de novembro, renunciou ao governo do Paraná, transmitindo o cargo ao vice-governador Pedro Viriato Parigot de Sousa. Leon Peres morreu em Maringá a 16 de setembro de 1992, aos 65 anos.