Direito e família. Estes foram os dois pilares na vida do desembargador Jeorling Joely Cordeiro Clève, um guarapuavano que descobriu sua paixão pelo Direito ainda criança e deixou a região central do Paraná para escrever seu nome na história da Poder Judiciário paranaense. A trajetória do magistrado está no livro Jeorling Joely Cordeiro Clève – O homem por trás da toga (Arte & Letras), um registro histórico que começa no século XIX, relata sua ascensão na magistratura e chega ao século XXI, quando o paranaense ilustre passou a dedicar seus dias à pesquisa histórica.
Nas 119 páginas da obra, o jornalista Diego Antonelli traça um paralelo entre a trajetória da família Clève e o progresso que chegava às cidades onde o magistrado atuou: Pitanga, Foz do Iguaçu, Piraí do Sul, Ivaiporã, Guarapuava e Curitiba, onde chegou ao cargo de desembargador, em 1999. Os relatos do crescimento de Guarapuava, do desbravamento da região de Pitanga, da vida tranquila em Piraí do Sul e do retorno a Curitiba, onde o jovem Jeorling conciliou os estudos com a difícil vida no Exército, são costurados de forma hábil com a história profissional e familiar do magistrado.
A família foi um dos pilares na vida de Jeorling. Pai amoroso e dedicado, não hesitava em cobrar disciplina e dedicação dos quatro filhos quando o assunto eram os estudos. Assim que tirava a toga, vivia como uma pessoa simples: conversava com todos e gostava de viajar, apreciar a natureza e contar histórias aos filhos. Passeava por livrarias, participava de churrascos com os amigos a varria a calçada na frente de casa.
A história da família Clève no Brasil começou quando o dinamarquês Luiz Daniel Clève, bisavô de Jeorling, desembarcou em Paranaguá, em 1854. A ideia era seguir para a Argentina, mas ele fincou raízes no Paraná ao conhecer o fazendeiro Jacob Siqueira Côrtes na região central do Estado. Com ele, voltou a Paranaguá no lombo de um burro para buscar suprimentos e acabou contratado.
Luiz Daniel se casou, fixou residência em Guarapuava e teve 11 filhos, entre eles Alexandre, avô de Jeorling. Ainda menino em Guarapuava, Jeorling teve sua paixão pelo Direito despertada ao ver a atuação de seu pai, Aloísio Guimarães Clève, em um cartório. Foi ali que o futuro desembargador tomou a decisão de dedicar sua vida a promover a Justiça – caminho do qual não se desviou nas próximas sete décadas de sua vida.
Após a aposentadoria compulsória, Jeorling passou a se dedicar à pesquisa histórica. Publicou as obras Cel. Luiz Daniel Clève – Memória Histórica (2004), Povoamento de Guarapuava: cronologia histórica (2007), Pensamento de todos os tempos – Lições de sabedoria (2007), em três volumes, Memória de Pitanga (2009) e Frases e Pensamentos – Temas para reflexão (2019). Membro da Academia Paranaense e Letras e estudioso nas áreas de geografia e biologia, era apaixonado pela jardinagem.
Jeorling Joely Cordeiro Cleve nasceu em Guarapuava, em 31 julho de 1932. Atuou como advogado de 1957 a 1966, em Pitanga, e muitas vezes trabalhava de graça para pessoas sem recursos. Em 1966, foi aprovado em concurso e iniciou a carreira de juiz em Foz do Iguaçu. Em 1967, após um novo concurso, assumiu o cargo de juiz titular na comarca de Piraí do Sul. Em 1969 foi promovido para a comarca de Ivaiporã e em 1971 foi removido para a comarca de Guarapuava, a cidade que amava.
Nomeado em julho de 1990 para o cargo de juiz do Tribunal de Alçada, retornou a Curitiba. Em abril de 1999 chegou ao topo de carreira da magistratura paranaense, ao ser promovido ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná. Casado com a professora e escritora Dirce Doroti Merlin Clève, teve quatro filhos: Clèmerson, Christiane, Luiz Roberto e Luciane. Faleceu em Curitiba, em junho de 2021, aos 88 anos.
O livro pode ser comprado na Arte & Letra (Rua Desembargador Motta, 2011 – Curitiba) ou na loja virtual
https://www.arteeletra.com.br/product-page/jeorling-joely-cordeiro-cl%C3%A8ve