O jornal espanhol El País, um dos mais importantes periódicos do mundo, dedicou a manchete de sua edição digital para o Brasil desta segunda-feira (15) às novas medidas restritivas decretadas pelo prefeito Rafael Greca para frear a expansão do coronavírus na capital. O jornal compara a liberalização da circulação e de funcionamento de serviços não essenciais que estava vigente até a semana passada como uma imitação ao modelo adotado na Suécia, mas agora, diante dos maus resultados, a cidade se obriga a retomar as restrições.
Veja o que diz o El País:
Com a pandemia do novo coronavírus sob controle no início de maio, Curitiba estava em uma situação confortável em relação a outras capitais que sofriam com o colapso em seus sistemas de saúde. Tanto que, na época, o prefeito Rafael Greca (DEM) declarou em sua conta no Twitter que os curitibanos vinham “seguindo o modelo sueco, recomendado pela OMS. Não fizemos lockdown, apostando na inteligência das pessoas”, em referência à estratégia adotada pela Suécia para frear a doença. O ex-ministro da saúde, Henrique Mandetta, chegou a declarar que “quem dera se todos fossem Curitiba”, em alusão ao sistema de saúde da cidade. A cidade registrava naquele começo de mês pouco mais de 600 casos.
No entanto, uma nova conjuntura mostra que a estratégia, pouco mais de um mês depois, falhou: na última semana, a cidade viu triplicar o número de registros diários da doença, que se mantinham em uma média de 14 por dia. Só no sábado (13), foram 59 novos. No total, são 1.177 casos confirmados de Covid-19, e 78 óbitos.O Paraná está apenas na posição 22 entre os 27 Estados brasileiros no ranking de mortes provocadas pela pandemia, por isso os números de Curitiba parecem modestos diante dos mais de 5.000 mortos da capital paulista ou do colapso de Manaus, mas foi um gatilho. No fim da tarde do próprio sábado, a secretária municipal da saúde, Márcia Huçulak, divulgou medidas mais rígidas para circulação e funcionamento do comércio na capital paranaense, que começam a valer nesta segunda-feira.
Curitiba sai do nível de alerta amarelo (moderado) para o laranja (2, de risco médio), conforme o Protocolo de Responsabilidade Sanitária e Social, sistema de monitoramento adotado na cidade para rastrear a doença, e que estabelece quais medidas devem ser tomadas em cada nível. As academias de ginástica, reabertas por decreto estadual no dia 25 de maio, voltam a fechar a partir desta segunda-feira. Os shopping, que também retomaram as atividades, continuam abertos, mas com restrições: lojas das 12h às 20h. A praça de alimentação pode permanecer funcionando até às 15 horas para o público. Depois disso, os restaurantes devem operar apenas por delivery.
Questionada sobre manter shoppings abertos mesmo no nível laranja (que prevê o fechamento), a secretária disse que a prefeitura irá “observar”. “Podemos fazer um outro decreto essa semana”, frisou a secretária, que não descarta a possibilidade de lockdown em um futuro próximo, caso a situação se agrave e a população não coopere com o isolamento. O comércio de rua e galerias começam às 10h e vão até às 16h. Bares, parques, praças, igrejas e templos religiosos serão fechados por tempo indeterminado. Tudo isso porque o afrouxamento das restrições ao comércio e circulação de pessoas já trouxe uma conta cara ao SUS, que agora tem 74% dos leitos de UTI reservados para a covid-19 ocupados, porcentual quase igual ao dos leitos destinados para outras doenças (73%).
A secretária Márcia Huçulak afirma que as restrições têm como objetivo evitar o colapso no sistema se saúde, justamente por conta da ocupação de leitos: uma das características da covid-19 quando há complicações, é que o paciente passa muitos dias internado, às vezes semanas. A falta de espaço para tratar outras doenças também preocupa. “As pessoas adoecem de outras condições”. Menos isolamento, lembrou a secretária, gera mais acidentes e mortes por violência, o que também sobrecarrega o sistema.
Equipado para ser referência no tratamento de casos graves da covid-19 via SUS em Curitiba, a situação do Hospital do Trabalhador (HT) é ainda mais preocupante: em boletim interno divulgado somente aos profissionais da instituição, e ao qual o EL PAÍS teve acesso, a ocupação dos leitos de UTI para a doença é de 88%. A cidade passa ainda por um aumento nos casos de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com causa não especificada. De acordo com análise da Lagom Data para o jornal Folha de S. Paulo com dados do OpenDataSus, Curitiba registra cinco mortes atribuídas a causas respiratórias para cada uma de covid-19. “Todos os casos de SRAG são testados, agora mais do que nunca. Por isso, não há relação com subnotificações de covid”, garantiu a secretária.
“Não acaba, gente”
Segundo Márcia Huçulak, o fechamento de locais que haviam sido reabertos (como igrejas, academias e templos religiosos) acontece porque esses foram alguns dos espaços que tiveram surtos da doença na cidade. “Tem um equívoco das pessoas, e estamos batendo nessa tecla. Não acaba, gente. O vírus não vai embora. Ele só vai embora com uma vacina ou tratamento comprovado. Eventualmente, está tranquilo quem teve a doença e se recuperou, mas tudo ainda é desconhecido sobre a doença. E muita gente não entendeu a gravidade”. Situações como pessoas se recusando a usar máscaras em supermercados, aglomerações em supermercados e lojas de departamentos, festas em condomínios residenciais e agressões a fiscais que controlavam a entrada de pessoas nos ônibus são algumas cenas recorrentes em Curitiba. “Qual é a parte que as pessoas não entenderam? A responsabilidade deve ser coletiva” salientou Márcia.
Sobre o transporte coletivo, há muitas reclamações dos usuários, que lembraram as aglomerações e os ônibus cheios durante uma live da secretária. Na sexta-feira, a prefeitura informou que os ônibus em Curitiba vão circular com ocupação máxima de 50%. A Urbanização de Curitiba (URBS), que administra o transporte coletivo na cidade, determinou que os motoristas não parem mais nas estações-tubo ou pontos de ônibus nas ruas quando os veículos estiverem com a metade da capacidade ocupada. “Acreditamos que as restrições de horário no comércio irão ajudar. Mas vemos estudantes sem aula circulando, e outros grupos sem necessidade de sair circulando. Precisamos do apoio da sociedade. Pedimos ao máximo que as pessoas, por favor, fiquem em casa”, clamou a secretária.
Na na a Zelândia foi feito lockdown dez dias fronteiras fechadas e tratamento e rastreio dos focos
Dai o vírus vai embora, ele não é autóctone, ele precisa de um bom hospedeiro, ele parte dessa pra melhor
Pq se não tem em quem pegar, ele sobrevive por no máximo 72 horas por aí nas melhores superfícies e no ar
Mas claro se sem lockdown a o curitiboca tá na rua, imagina com a restrição imposta?
Se fossemos obedientes e pensássemos uns nos outros, o vírus iria embora sim.
Mas temos que receber visitas adiaveis, fazer churrasco na praça, tomar uma pinga no bar