Governo Ratinho Jr: segredo e silêncio

(por Ruth Bolognese) – O extremo cuidado em não vazar informações sobre os nomes do novo governo de Ratinho Jr, que começa daqui a um mês, pode ser interpretado de duas maneiras. De um lado, a condução do processo de formação da equipe ocorre sem especulações e sem emoções. De outro, sem debate nem avaliações.

É um caminho inverso ao do governo de Jair Bolsonaro que, desde a campanha, avança e recua na apresentação dos nomes do primeiro escalão sem medo de mostrar amadorismo.

O fato é que, apesar de tantas voltas e volveres, Jair Bolsonaro está formando uma equipe exatamente como se previa, dentro daqueles parâmetros básicos que o levaram à vitória. No caso, doa a quem doer, cumpre o que prometeu, sem decepcionar seus eleitores.

E Ratinho Jr? Até agora anunciou, a rigor, dois nomes importantes, o do futuro secretário da Educação, empresário da área de tecnologia, Renato Feder, e o general Luiz Carbonell para a Segurança Pública. Não houve contestação nem reprovação. Apenas silêncio.

Ao comandar a formação da nova equipe de governo envolta numa bruma de mistério e silêncio, Ratinho Jr evita o desgaste, o debate, a especulação e, principalmente, voltar atrás no caso de um ou outro nomeado com probleminhas na Justiça ou irregularidades passadas.

Ponto para o mar de rosas.

Mas, também, vai formatando a imagem de um governo que prefere a morte lenta à diversidade de opinião.

Ponto para o mar morto.

Tudo o que um governo de primeira viagem não precisa é uma sociedade 100% cordata, confiante demais no taco do governante, indiferente e distante. E a indicação de nomes da equipe, o debate sobre a capacidade deste ou daquele futuro secretário, a transparência da biografia, talentos e tudo o mais, faz parte da velha e boa democracia. Renunciar a isso é apostar no escuro. E nunca é demais lembrar que os milhões de paranaenses que votaram no Ratinho Jr sorridente em outubro não assinaram um cheque em branco.

Eleitor não é apenas eleitor. Tem que participar.

3 COMENTÁRIOS

  1. Acredito que a espera se dá em razão do aguardo do estudo a ser concluído pela Fundação Dom Cabral, contratado para analisar a reestruturação das secretarias.
    Seria imprudente anunciar nomes sem saber quais secretarias serão sugeridas neste estudo e se o estudo será aceito como bom pelo governo.
    Mais calma nessa hora.
    Pelo menos eu acho que seja isso.

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