O chefe da Casa Civil, deputado Valdir Rossoni, atua como homem forte do governador Beto Richa. Talvez perca apenas para seu colega da Fazenda, Mauro Ricardo, por milésimos quando se trata de dar a palavra final em assuntos importantes. No mínimo, é que tem a última palavra para anunciar decisões graves e impopulares, como as que se referem, por exemplo, a arrochos contra o funcionalismo. Também compra briga com universidades estaduais para obrigá-las a adotar o software Meta4 para administrar suas folhas de pagamento.
Mas também é arauto de boas notícias, como a que acaba de dar: o governo do Paraná vai duplicar a rodovia PR-323 com recursos próprios. Já tem até o dinheiro necessário para a obra. Só falta entrar em acordo com a Odebrecht para comprar o projeto de engenharia que a empreiteira já tinha concluído mas que não pôde executar.
A 323 já deu muita polêmica. Em 2014, Beto Richa assinou a primeira PPP estadual para a duplicação da rodovia de 210 quilômetros entre Maringá e Francisco Alves, no valor calculado à época em R$ 7 bilhões. Um consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e Tucumann, que, além de receber investimentos de R$ 100 milhões por ano do governo estadual ganharia também o direito de explorar o pedágio por 20 anos.
Mas daí veio o “azar”: a Odebrecht caiu nas garras da Lava Jato, o contrato foi rompido e as obras nunca começaram. A estrada continua em pista simples, com movimento caótico que causa pelo menos 60 acidentes e quatro mortes todos os meses. Desde a assinatura do contrato, faça as contas: 200 mortes e quase 3 mil acidentes.
Mas agora vai, diz Rossoni, o arauto das boas notícias ainda que o governo já esteja quase no finzinho.