Depois da frustrada PPP que pretendia dar à Odebrecht a concessão da PR-323, no Noroeste do Paraná, o governo estadual está pensando em fazer uma nova concessão à iniciativa privada – agora no ramo ferroviário. É projeto da Ferroeste, estatal que administra o trecho Cascavel-Guarapuava, estender a linha em duas direções. Uma de Guarapuava ao Porto de Paranaguá, incluindo um novo traçado na Serra do Mar paralelo à rodovia BR-277. Em direção oposta, para o Norte, outro trecho ligaria a Ferroeste de Cascavel à grande região produtora do Mato Grosso do Sul. No total, seriam mil quilômetros de ferrovia que, em tese, tirariam milhares de caminhões das rodovias.
Ainda serão contratados pela Ferroeste projetos de engenharia e de viabilidade econômica, mas antes mesmo de qualquer medida concreta, alguns setores se levantam contra a ideia. O primeiro a criticar é a Rumo Logística (ex-ALL), que explora a Central do Paraná e detém o monopólio das cargas que chegam ao porto por via férrea.
Mais fácil e mais barato, diz a Rumo, é modernizar o trecho da Serra da Esperança, sinuosa e íngreme ferrovia que liga a Ferroeste entre Guarapuava e a Central do Paraná. Por ele, atualmente, os trens trafegam a vagorosos 15km/h e com poucos vagões. Mais barato também seria a redução do ângulo da curva na altura da Ponte São João, na velha ferrovia Paranaguá-Curitiba. Estas duas obras seriam suficientes para aumentar a capacidade de carga e a velocidade dos trens (com novas locomotivas, já adquiridas) em pelo menos 50%. A concessionária diz estar disposta a investir alguns bilhões nestas obras – se o patrimônio cultural concordar e a Ferroeste parar de sonhar.