Feelings

(por Ruth Bolognese) – Relatos que chegam das altas paragens revelam que o governador Beto Richa ficou extremamente incomodado com as revelações da Operação Quadro Negro. Tão incomodado que nem sequer relaxou para curtir um casamento no Buffet do Batel, na sexta-feira, onde o Cristal Brut é sempre farto e o camarão dos canapés tem quase o tamanho de uma Bic. Ele e dona Fernanda estampavam nas fisionomias fechadas o baque daquelas últimas horas.

Eis aí informações reconfortantes: quanto mais sofrer – e deixar transparecer – que denúncias de corrupção, propinas, desvio de dinheiro de escolas para o caixa de sua campanha, o governador Beto Richa demonstra que, por baixo da capa do homem público deslizante, bate um coração passível de redenção. Entre a frieza de um Eduardo Cunha, com sangue reptiliano nas veias e um Garotinho espafalhafatoso , teatral, expondo a barriga branca numa maca de ambulância, é de se esperar a contração muscular da face, pelo menos, num político low profile como o governador paranaense. Do contrário, seria escárnio, deboche, “eu sou mais eu” até a mão erguida se afundar de vez no lamaçal.

Beto Richa deve explicações bem mais convincentes sobre a sucessão de malfeitos que vem atingindo seu segundo governo do que notas redigidas por assessores bons de argumentos e raciocínios lapidares. Sogra fantasma, primo distante, sócio oculto e agora amigo muito, muito próximo, estão minando a imagem do filho de José Richa como herdeiro da idoneidade familiar.

Se quiser sacudir a poeira, deve convencer seus eleitores que não têm nada a ver com tudo isso que aí está. A cara fechada durante as bodas do Batel é um bom indício. Mas só ficar cantando “oh, oooh, ooooh Feelings” pode derreter o coração de dona Fernanda, apenas. Os paranaenses esperam mais, muito mais.

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