Exclusivo: como as Patrulhas do Campo jorravam propina

Como foi que o Ministério Público Estadual desvendou o esquema de propinas que levou à prisão temporária do ex-governador Beto Richa, envolvendo o programa Patrulhas do Campo?

O Contraponto teve acesso à leitura do despacho do juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13.ª Criminal da Justiça estadual. Com base nas investigações do Gaeco, o juiz resumiu os fatos e o Contraponto resumiu ainda mais:

  • No início do primeiro mandato de Beto Richa, em 2011, o empresário Tony Garcia, então amigo bastante próximo do governador, sugeriu a criação de um programa que veio a ser denominado de Patrulhas do Campo, destinado a melhorar e readequar estradas rurais no estado;
  • A execução do programa seria feita mediante aluguel de máquinas e equipamentos alugados de pelo governo do estado de algumas selecionadas locadoras, no valor global de R$ 72 milhões. O governo, por meio da secretaria de Infra-Estrutura e Logística e do DER repassaria o maquinário para que as prefeituras realizassem os serviços;
  • Foi acertada uma licitação (concorrência 053/2011) com ganhadores antecipadamente definidos para três grandes lotes – as empresas Cotrans (de propriedade do já falecido empresário Osni Pacheco), a Ouro Verde (de Celso Frare) e a Terra Brasil (do Edson Casagrande).
  • Tais empresas comprometeram-se, conforme combinado em reuniões no DER, a superfaturar os contratos de modo a possibilitar o pagamento de propinas ao grupo Beto Richa. Elas se comprometiam, também, a dividir os respectivos lotes com outras empresas (dentre as quais a J.Malucelli) para que não houvesse queixas de quem se sentisse preterido do processo.
  • A proposta articulada por Tony Garcia foi aprovada por Beto Richa, que designou Ezequias Moreira, Deonilson Roldo, Luiz Abi e Pepe Richa para que operacionalizassem o esquema e controlassem o recebimento das propinas.
  • O governador Beto Richa teria recebido propinas e, com a ajuda da mulher, Fernanda Richa, proprietária da Ocaporã Administradora de Bens, permutou lotes e ocultou cerca de R$ 900 mil, com a ajuda do contador da empresa, Dirceu Pupo.

O juiz Fernando Bardelli viu nisso tudo uma organização criminosa – pelos antigos códigos conhecida também como crime de formação de quadrilha. Colocado diante da colaboração de Tony Garcia, de outros depoimentos e de provas colhidas pelo Gaeco, o magistrado decretou a prisão temporária não apenas de Beto Richa, mas também de Fernanda Richa, Pepe Richa, Deonilson Roldo, Luiz Abi Antoun, Ezequias Moreira, Edson Casagrande, Joel Malucelli e de outros implicados, como Túlio Bandeira, André Bandeira, Aldair Petry, Emerson Savanhago, Robinson Savanhago e Dirceu Pupo Ferreira.

4 COMENTÁRIOS

  1. Vem mais chumbo de Paranaguá e o Beto sabe, já impetrou até HC!

    2772 0033589-35.2018.8.16.0000 – Habeas Corpus
    Comarca: Paranaguá.
    Vara: 1ª Vara Criminal de Paranaguá.
    Ação Originária: 0010284-23.2018.8.16.0129 – Inquérito Policial.

    Impetrante: C.A.R..
    Advogado: Raquel Botelho Santoro Cezar – 28868N-DF.
    Distribuição Manual em 16/08/2018.
    Relator: Desembargador José Carlos Dalacqua.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui