(por Ruth Bolognese) – A não decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre Aécio Neves deixa o Brasil num matagal sem cachorro: consentiu com o impeachment de uma presidente da República (que, perto disso que aí está, pessoalmente é uma autêntica mão-limpa), e fechou os olhos para a prisão do senador petista Delcídio Amaral e para as falcatruas do mega salafrário Eduardo Cunha, enquanto esteve na presidência da Câmara.
É que diante dos sinais trocados da corte mais importante do País, fica difícil confiar num procedimento jurídico isento de paixões políticas e influências externas. No fundo, no fundo, qual a diferença entre o mineiro Aécio Neves, flagrado pegando R$ 2 milhões do açougueiro mais rico do mundo e o senador Delcídio Amaral combinando a compra de um preso da Lava Jato para não delatar?
Por certo, o mineiro, tucano por excelência, saiu em vantagem porque vem de um Estado onde nasceu Tiradentes e o Delcídio Amaral, ex-petista arrependido, é um simples caçador de anta do Mato Grosso do Sul. No resto, são absolutamente iguais, tanto nos mal feitos como na institucionalidade do cargo.
A insegurança jurídica que se esparrama pelo berço esplendido, depois da decisão de ontem, vem de uma dúvida atroz: aonde será que o STF está guardando nossa Constituição?
a corte desmoraliza a propria corte, quando deveria ter papel de maior importância, abre brecha para perpetuar a impunidade. o sectarismo e o comportamento dos magistrados deixa o mundo estupefato, distanciando a nação brasileira da civilidade moral. aecio absolvido e o delcidio condenado clarificando divisão política do velho coronelismo no subconsciente da confusa corte.