Duas delações, estas sim, podem complicar Richa

Só mesmo duas delações que estão no forno podem conter potencial realmente explosivo para, quando reveladas, tirar do ex-governador Beto Richa aquela repetida frase de que está “tranquilo”. Até agora, os dois mais importantes delatores de operações barulhentas, como a Publicano e a Quadro Negro não foram ainda suficientes para eliminar o ar blasé de Richa – nada de substantivo ou concreto, devidamente provado, eles apresentaram para incriminá-lo definitiva e claramente nos esquemas criminosos de desvio de impostos na Receita Estadual de Londrina e de verbas que estavam destinadas à construção e reforma de escolas.

Tanto Luiz Antônio de Souza, o auditor fiscal de Londrina, quanto o dono da construtora Valor, por meio da qual propinas da Educação teriam financiado campanhas de Richa apresentam provas contundentes. Nos dois casos, eles “ouviram dizer”, mas não se referem à participação direta deles na entrega de valores que, com certeza, tiveram o destino que suspeitam.

O jornalista Pedro Pedriali, de Loondrina, faz uma análise precisa dos resultados obtidos até agora pelas duas operações:

No início de 2015, o auditor da Receita Estadual do Paraná Luiz Antônio de Souza foi flagrado num motel de Londrina em companhia de uma menina de 15 anos e com R$ 20 mil em espécie. Tinha início da Operação Publicano, que desbaratou um esquema de propina naquele órgão.

Souza era um dos fiscais corruptos, crime ao qual se somava a exploração sexual de menores e estupro de vulneráveis. Cerca de 20 casos, aproximadamente.

Para escapar da condenação certa, fez um acordo de delação, na qual o principal acusado é o governador Beto Richa. Segundo Souza, Richa usara os fiscais corruptos para financiar parte de sua campanha de reeleição.

Nada se comprovou até o momento sobre o envolvimento do governador. Mas Souza – o acusador solitário – está, após cumprir alguns meses de prisão e ter parte da fortuna confiscada, em liberdade no litoral do Paraná, vigiado por uma tornozeleira. Foi perdoado inclusive (ou principalmente) dos crimes sexuais!

O ambiente político no Paraná foi sacudido nesta semana pela divulgação do depoimento à Justiça do empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, que naquele mesmo 2015 foi flagrado desviando dinheiro de escolas que deveria reformar ou construir. Recebera R$ 20 milhões e, graças ao conluio de servidores da Secretaria de Educação, falseara os laudos e embolsara parte dos recursos.

Pego com a boca na botija – é o principal réu da Operação Quadro Negro -, fez o mesmo que o outro Souza, o de Londrina: meteu o governador no rolo, alegando que a maior parte do dinheiro desviado fora aplicado em sua campanha pela reeleição. Ganhou, com isso, liberdade provisória e autorização para mudar de estado, onde é obrigado a usar tornozeleira.

O esquema, segundo ele, fora chefiado por Maurício Fanini, diretor da Secretaria, que se apresentava como interlocutor de Richa. A propina, segundo ele, beneficiou, além de Richa, a então vice e hoje governadora Cida Borghetti, o presidente da Assembleia Valdir Rossoni, o líder do governo naquela Casa e hoje presidente Ademar Traiano, o presidente do Tribunal de Contas Durval Amaral e seu filho Tiago, que disputava – e obteve – uma vaga de deputado. E mais gente: Pepe e Marcello, irmão e filho de Richa, pré-candidatos, respectivamente, à Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa. E mais: o irmão de Cida, Juliano, e o marido dela, o deputado federal Ricardo Barros, subornados para manter uma servidora no gabinete da Vice-Governadoria.

Numa tacada só, portanto, o delator jogou excremento na cúpula dos poderes Executivo e Legislativo do Paraná.

A revelação do depoimento do dono da Valor não trouxe nada novo além do que vazara de sua delação, mas, às vésperas do início da campanha eleitoral, causou forte estampido. Chumbo? Nenhum. Pois o delator não apresentou provas e tampouco indícios da participação dos acusados no crime que cometeu: atribuiu a Fanini (preso em Brasília) as informações relativas a Richa e familiares, a relacionada a Cida e marido ao irmão dela (a servidora que teria sido mantida à custa de propina é concursada, o que compromete severamente a versão do empresário) e a si próprio as que envolvem Rossoni e Traiano. Sobre pai e filho Amaral, idem, com a agravante de humilhá-los – ricos que são –, atribuindo-lhes uma propina de meros R$ 50 mil!

A acusação fica ainda mais frágil diante da confusão sobre o total e o destino dos desvios. Diz o delator que R$ 12 milhões foram para a campanha do governador, R$ 1 milhão para Rossoni & Traiano e demais e apenas – que desprendimento! – R$ 1 milhão à sua empresa. E de onde vieram os recursos para os carrões e imóvel de luxo, confiscados pela Justiça, que adquiriu no período em que executou as obras contratadas do governo: um apartamento em Camboriú avaliado em R$ 5 milhões e nove veículos top de linha, estimados em R$ 6 milhões?

A conta não fecha.

Pedriali não se refere a pelo menos duas delações que estão em curso e que podem mudar a direção dos ventos e atingir Richa. Uma é de Maurício Fanini, o ex-diretor da Educação, o homem que mais sabe das estripulias e que há mais de 20 anos cultiva amizade pessoal e funcional com o ex-governador. É seu companheiro de viagens internacional e de jogos de tênis, frequentador da cozinha. Com tanta proximidade, Richa não sabia de nada? De nenhum “tico-tico”, uma frequente referêcia que se faziam nos grupos para definir “sobras” a serem distribuídas.

O mesmo se dá com Nelson Leal Jr., engenheiro que já fazia parte da equipe de Richa desde quando este ocupou a secretaria municipal de Obras na prefeitura de Curitiba, na gestão de Cassio Tatighuchi e chegou a substituí-lo por um período no cargo. Foi afastado, segundo se sabe, em razão de mutretas na área de pavimentação e voltou a convívio próprio com o governador e com seu irmão, o secretário Pepe Richa, quando foi diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e se enrolou com concessionária de pedágio e obras de tapa buraco.

As duas delações pode ser homologadas e divulgadas a qualquer momento. E aí se chegará à hora da verdade. Ou não.

 

3 COMENTÁRIOS

  1. Reflexão – “Nesse mundo nada se cria. Tudo se transforma, ou se copia.”
    Com a parada dos caminhões, Dirigir nesta Pista nos lembra algumas viagens esquecidas, como exemplo a do Tony&Bertholdo(a Chave da Glória) e a do Bingos&Bicho do Brasil.. Nesta longa estrada as rotatórias da Pista só são Seguras quando os carros não derrapam. A energia motora aqui é centrípeta (e não centrífuga), como ocorre em alguns fenômenos naturais. Ao fim deSe TraJeto, a lataria fica cheia de sujeitra e poeira. Mas a limpeza é mais econômica. Isto porque a máquina Pressurizadora do Posto de Gasolina gasta menos água, ajudando assim o racionamento em periodos de eSTiagem. Prefiro, assim, penSar que hoJe é Quinta Turma!! Um dia antes da sexta da Maldade!! eSTe é o Jeito cidadão de ser FELIz. Sempre foi!! Acreditando em dias melhores para a República do Brasil!

  2. Bom Dia,em minha modesta opinião o nosso ex-governador está sim, atolado nessas maracutaias todas até o pescoço, de inocente e desconhecimento é tudo conversa fiada,pra lá de esgotada já,todos eles nunca sabem de nada,vejam o exemplo do Lula.

  3. Caraca… e coisas pra comentar.

    1 – No texto do jornalista de Londrina faltou muito detalhe não sobre o sexo mas do modo de operação da quadrilha e a transformação de multa em cobertor pra esposa do richa distribuir. Tudo isso na cidade do senador submarino que se sabia , esqueceu. No final fiquei sem entender bem se ele fica triste com as revelações ou se se faz de bobo. Como não o conheço não sei como avaliar.

    2 – Em algum momento o richa vai se encontrar oficialmente com o moro ou se não for com ele, com alguem do esquemão. Que diga-se é bem tabajara e foi operado pelos tucanos locais. Os gran tucanos operam direto com os grandes e deixam a rebalhada se divertir com este tipo de maracutaia ou com merenda como em SP. AI veremos a plumagem da justiça sem disfarces.

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