A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da JMK ouviu nesta terça-feira (29), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), os empresários Aldo Marchini Junior e Jairo Cezar Vernalha Guimarães, considerados pelas investigações dos parlamentares e da Divisão de Combate à Corrupção da Polícia Civil como os principais responsáveis pela gestão da empresa. Eles prestaram esclarecimentos sobre o funcionamento e fiscalização dos contratos da JMK com o Governo do Paraná. A empresa era responsável pela manutenção e gestão de frotas de veículos oficiais do Executivo paranaense.
Aldo Marchini Junior disse que, após a prisão, “que foi um show”, a polícia queria que ele falasse o que sabia sobre Beto Richa e o governador Ratinho Junior, dando a entender que sua família, também presa na operação, seria liberada.
Falhas – Durante as oitivas, os depoentes afirmaram que havia falhas do governo na fiscalização do cumprimento do contrato. Segundo eles, o Executivo não fazia nenhum tipo de questionamento aos serviços. “Após meses de CPI, a população está vendo os motivos da falta de uma viatura policial ou de uma ambulância. O trabalho também mostra que o governo não tem capacidade de fiscalizar um contrato tão grande”, comentou o presidente da CPI da JMK, deputado Soldado Fruet (PROS).
Ele avaliou como positiva a participação dos dois depoentes. “A CPI foi formada para apurar falhas neste contrato e apresentar sugestões para que não ocorra novamente”, afirmou. É o entendimento do deputado Luiz Fernando Guerra (PSL). “Ouvimos hoje as pessoas que eram as verdadeiras proprietárias da JMK, colaborando para nosso entendimento dos problemas”, completou.
A JMK venceu a licitação para gerenciamento da frota do Governo do Paraná entre janeiro de 2015 e maio de 2019. O Estado rescindiu o contrato após operação policial que desarticulou o esquema fraudulento. “Já reunimos mais de 20 mil páginas de informações requeridas nas reuniões da comissão, que agora está na reta final das oitivas. Tudo isso está sendo minuciosamente analisado para a elaboração do relatório final”, disse Fruet.
Pressão e esclarecimento -Durante o depoimento, um dos sócios da empresa, Aldo Marchini Junior, deu a entender que a quebra de contrato com o governo do Estado, ocorrida logo após a Operação Peça-Chave, deflagrada em maio último, teria acontecido por pressão governamental, pois uma outra empresa estaria pronta para assumir emergencialmente o serviço de manutenção da frota.
Segundo a Rádio CBN-Curitiba, o governo estadual divulgou uma nota sobre o processo aue resultou no fim do contrato: “O Governo do Paraná tem absoluta tranquilidade quanto à lisura do processo que levou ao rompimento do contrato com a empresa JMK. En nenhum momento a atual administração cogitou a renovação da prestação de serviços com esta empresa, exceto por um curto período emergencial. Cabe ressaltar que nenhuma reunião entre integrantes do atual governo com a empresa JMK aconteceu sem a presença de vários participantes, e todas ocorreram dentro da sede administrativa do Estado. A atual gestão assumiu em janeiro com cerca de 40% da frota parada e grande número de ações judiciais movidas por oficinas contra o Estado do Paraná por falta de pagamento. Ao assumir, o governo encontrou um pagamento realizado no final de 2018 no valor de R$ 10,5 milhões e um valor pendente (para 2 de janeiro) de R$ 7,5 milhões, sem qualquer instrumento legal que o respaldasse. Em decisão conjunta com a Procuradoria-Geral do Estado, foi movida ação para que a Justiça autorizasse o depósito em juízo do valor aparentemente irregular, e solicitar o cumprimento integral do contrato. Também foi necessário recorrer à Justiça para a autorização de pagamento direto às oficinas que estavam sem receber. Os servidores públicos que atuaram no processo administrativo que deu fim ao contrato da JMK estão à disposição da CPI para quaisquer esclarecimentos”.