Temer acusou o ex-procurador-geral Rodrigo Janot de perseguição. Advogados do presidente que pediam no STF a suspeição de Janot alegavam exatamente isto: “esta obstinada perseguição pela acusação” não faz parte da missão institucional do Ministério Público e que “uma série de ‘certezas’ foram lançadas, no afã de envolver o presidente pelo sr. procurador-geral que dificultaram uma análise isenta e desprovida de influências”.
Mas não é que a substituta de Janot, a procuradora Raquel Dodge, parece estar agindo do mesmo jeito? Ela também persegue Temer?
Dodge pediu hoje ao STF autorização para que o presidente Michel Temer preste depoimento sobre a investigação que apura irregularidades em relação ao Decreto dos Portos. O relator do processo é o ministro Luís Roberto Barroso, a quem cabe decidir sobre os pedidos de diligência de Raquel.
Raquel Dodge pediu a concessão de um prazo de 60 dias para concluir um inquérito contra Temer, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, Antônio Celso Grecco e Ricardo Mesquita, os dois últimos, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos.
A apuração no STF investiga possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.
Além dos investigados no inquérito, a procuradora-geral da República pediu que fossem ouvidas outras cinco pessoas: o subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha; o advogado José Yunes, amigo do presidente; o coronel João Baptista Lima Filho, aliado do presidente citado em relatório de investigação da Operação Patmos; o executivo Ricardo Saud; Edgar Safdie, acusado de intermediar o recebimento de propinas.