Dois dos principais candidatos ao governo do Paraná se rebelam contra o aumento da tarifa de energia elétrica que a Copel vai implantar a partir deste domingo (24). Consumidores residenciais e pequenos comércios receberão contas 15,1% mais caras no mês que vem; indústrias e outros grandes consumidores terão conta ainda mais salgada, com reajuste de 17,55%.
O candidato do PDT, de oposição ao governo estadual, afirma que este aumento é fruto da “incompetência e da corrupção” que imperou no estado nos últimos oito anos.
Seu adversário, Ratinho Jr. (PSD) – ainda indeciso se é oposição ou situação – não aponta causas mas promete colocar suas duas numerosas bancadas na Assembleia Legislativa a brigar contra o reajuste. Na semana que vem promete que vai encaminhar requerimento à governadora Cida Borghetti para que não deixe aplicar o aumento, que sacrifica as famílias mais humildes e encarece os custos operacionais dos setores produtivos.
Dificilmente terão sucesso. Porque
- o aumento foi autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que nos seus cálculos leva em conta o modo de funcionamento o setor no país: as companhias geradoras/distribuidoras colocam toda a energia que produzem na rede nacional unificada. E depois recompram a energia de que precisam para atender seus próprios consumidores a preços variáveis e fixados em contratos.
- No caso da Copel, os contratos que firmou ficaram cerca de 15% mais caros, porcentual que agora será repassado para o consumidor final;
- Se não repassar o reajuste, essa conta entra como prejuízo no balanço. Ou, então, o governo estadual, que controla o capital da companhia, terá de subsidiar – assim como está fazendo o governo federal para garantir preço mais baixo para o diesel produzido pela Petrobras;
- Pode não repassar o reajuste e o governo pode não subsidiar. Isto faria a felicidade dos consumidores (eleitores!), mas: a) os acionistas privados vão protestar porque seus lucros vão cair, e b) as ações vão despencar na bolsa e o valor patrimonial da empresa descerá a ladeira;
Esta é a parte técnica da questão. Discursos não resolvem. Mas a governadora, estimulada também pela caça aos votos para sua reeleição, pode tomar uma decisão política e conter o aumento – mas estará repetindo o mesmo erro cometido pela ex-presidente Dilma Roussef que, numa penada, em 2012, baixou em 20% a tarifa de luz e jogou o sistema no caos.
Até então, o Brasil tinha um custo de energia para indústrias e residências dentro da média dos principais países do mundo, mas acabou ficando mais cara após a Medida Provisória criada justamente para reduzir valores das contas de luz com o argumento de que eles eram “os maiores do mundo”. Um caso claro e clássico de incompetência.
O problema foi criado na concepção do sistema, na origem. Discursos em época pré-eleitoral não resolvem.
Brilhante texto. Claro, Objetivo, Realista e focado. Se todas as notícias tivessem essa lucidez, o Brasil seria um país melhor.
No governo do Requião no primeiro reajuste, assim que assumiu o governo, de 25% não foi repassado aos consumidores, foi postergado e reajuste em vários anos em percentuais muito menores.Durante o seu governo foi repassado repassado aos consumidores do Paranã, incluindo industria e comercio, mais de 4 bilhões de reais. O maior elogio desta ação foi do presidente da Copel que assumiu no Governo do Beto, em entrevista a Gazeta do Povo disse “vamos a compras temos 4 bilhões em caixa e o menor endividamento do Setor Elétrico Brasileiro”
Um grande alívio para o povo mais pobre. Toma banho frio, mas pelo menos o lucro dos acionistas privados fica garantido. Ufa!
Pra ser honesta senhora jornalista…o Estado não parece nem de longe controlar o capital da companhia…a Copel deita e rola e faz e acontece e nenhum governante da conta com aquela corja…parece que a copel paga um pedágio e faz o que quer, especialmente com o dinheiro do Estado e do Povo, mas o retorno mesmo é para o acionista, não Estado, mas a outra parte…Estado Menor é o que prega um monte de gente, mas a gente paga um Estado gigante e somos acionistas da copel como da petrobras…só que para nós a população só cabe a parte de investir e manter, o retorno…esse nunca vimos em valores decentes nas taxas. Copel a empresa mais odiada do Parana.