(por Ruth Bolognese) – Há uma tradição – e um método – na forma dos paranaenses em guardar dinheiro sem origem. Melhor, de origem bem conhecida, o cofre público.
Uma velha história , que remonta ao governo de Roberto Requião, mostrou que o irmão do então governador, Eduardo Requião, deu parte na polícia de uma empregada que durante mais de ano retirava dólares do armário da casa. E aos pouquinhos, conseguiu levar quase R$ 1 milhão.
Uma pergunta que até hoje não foi respondida – até porque o famoso Vovó Naná vive uma velhice confortável em Miami – é como uma empregada doméstica retira tanto dinheiro e por tanto tempo sem ser notada?
O empresário-amigo e sócio da família Richa, conhecido como “Grego”, Jorge Atherino mostrou um armário dentro de um box da casa onde mora como esconderijo de dinheiro incerto e não sabido. Esta informação faz parte da delação do ex-diretor da Fundepar, Maurício Fanini, preso por conta da Operação Quadro Negro.
Agora, vem uma nova informação nesta mesma área, divulgada pela Gazeta do Povo. Teriam sido encontrados num fundo falso de um armário num apartamento na rua Gutemberg, bairro do Batel, que está em nome da mãe do ex-governador Beto Richa, dona Arlete, dois pacotes de dinheiro “contendo R$ 22.650,00 e US$ 9.260,00”, conforme relatou o Gaeco sobre as apreensões. Não havia ninguém no local. Assessores do ex-governador garantem que ele esteve apenas uma vez no apartamento da rua Gutemberg, há mais de 10 anos.
E a pergunta continua: quem deixa quase R$ 50 mil no fundo falso de um armário num apartamento desocupado? E dá até pra estender para mais uma dúvida: por que homens públicos, como Eduardo Requião, ex-superintendente do Porto de Paranaguá, ou pessoas ligadas a eles, como o empresário Jorge Atherino ou a mãe de Beto Richa, guardam dinheiro em armários dentro de casa?
É perigoso demais, gente. Uma hora ou outra um ladrão ou a polícia acabam encontrando. Não fica parecendo com o que aconteceu com o ex-ministro Geddel Vieira Lima, presidiário na Papuda, que guardava sua “poupança” de R$ 51 milhões num apartamento alugado em Salvador?
Nesse caso esses R$ 50 mil são uma mixaria igual àquelas moedinhas de cinco centavos que pessoas comuns acham caídas atrás do armário de vez em quando, e ninguém dava pela falta.