Alegrai-vos, profissionais liberais! Sem precisar invadir as instalações da Câmara de Vereadores nem fazer passeatas em frente à prefeitura, somente a força dos argumentos lhes foi suficiente para amaciar o coração prefeito Rafael Greca. O prefeito deve-lhes agradecimentos também, porque o que pretendia fazer seria um tiro no pé político e para as finanças de Curitiba.
Talvez não só a força dos argumentos, mas também a força política de categorias com organização e influência política bem maiores do que as dos servidores e seus sindicatos foi vital. Advogados liderados pela OAB/PR, os médicos pela Associação Médica do Paraná, entidades como a Unimed e de outros planos de saúde, instituições ligadas à construção civil e ao comércio de imóveis, sindicatos de jornalistas e contabilistas – todos reunidos em torno da mesma causa – constituíram uma invencível esquadra de resistência ao apetite tributário do prefeito.
Diante disto, caiu a tentativa do prefeito de aumentar pesadamente o ISS dos profissionais liberais e as alíquotas aumentadas que prejudicariam o setor imobiliário. Greca não precisou chamar a Polícia Militar, a Guarda, nem sugerir que as sessões da Câmara fossem transferidas para Ópera de Arame. Tudo tranquilo.
Os vereadores governistas, sempre obedientes ao prefeito, agradeceram. Livraram-se de ter de mostrar a cara e desagradar a tanta gente importante.
Só mesmo os servidores públicos municipais é que foram vítimas da tal “recuperação fiscal” que Rafael Greca pretendia ser mais ampla. Sobrou-lhes o gostinho de saber que vingança se toma em prato frio – na próxima eleição, prefeito e vereadores não poderão contar com eles.