Deonilson se defende e dialoga com ele mesmo

O ex-chefe da Gabinete de Beto Richa, jornalista Deonilson Roldo, distribuiu nota para desmentir que tivesse tentado negociar um entendimento com o executivo Pedro Rache, do Grupo Bertin, visando a favorecer a construtora Odebrecht na projetada PPP para duplicação e concessão da rodovia estadual PR-323.

Na nota, ele não desmente que, de fato, recebeu o executivo Pedro Rache, e o acusou de ter feito uma gravação clandestina, com objetivos escusos, e cujo conteúdo é agora usado por pessoas inescrupulosas e chantagistas.

O Contraponto reproduz a nota de Deonilson, tomando a liberdade, contudo, de introduzir trechos do áudio que parecem desmentir a própria nota. No fundo, é um diálogo de Deonilson com Deonilson:

CHANTAGEM E GRAVAÇÃO CLANDESTINA

Por Deonilson Roldo

Nunca cometi qualquer irregularidade em 34 anos de exercício de funções na Administração Pública.

Estou sendo vítima de chantagem continuada, a partir de uma gravação clandestina feita por pessoa que esteve uma única vez em meu gabinete, no Governo do Estado, em 2014, buscando informações sobre uma Parceria Público-Privada.

Voz de Deonilson Roldo: Vocês têm planos para a PPP da 323?

A própria conversa, repito, gravada de forma premeditada, ilegal e com interesses escusos, mostra que não houve pedido de favorecimento a ninguém.

Voz de Deonilson Roldo: […] a gente tem um compromisso nessa obra aí. E eu queria ver até onde a gente pode entrar nesse compromisso aí, digamos que respeitado. A gente conversou com muita gente no mercado e aí queria ver qual é a possibilidade de entrar num entendimento aí. 

Tampouco os fatos posteriores indicaram que pudesse ter havido qualquer prejuízo aos interesses da Administração Pública. Nunca interferi ou sugeri qualquer direcionamento no processo licitatório da PR-323.

Desde meados de 2015, quando houve a descoberta da existência dessa gravação clandestina, tenho sido vítima de ameaças e chantagens nos bastidores, com pessoas se utilizando inescrupulosamente de um suposto comportamento criminoso de minha parte – o que nunca ocorreu.

Sou acusado caluniosamente de tratar de uma licitação com um empresário que não participou desse processo e de lhe oferecer vantagens na negociação de um empreendimento cuja venda não se efetivou. Isso para beneficiar uma terceira parte numa obra que nunca foi realizada. Ou seja, nada do que insinuam aconteceu.

Voz de Deonilson Roldo: […] está tendo uma negociação com a Copel que está em andamento. Pra fechar, talvez, no final de março. Uma possibilidade grande de fechar. Um negócio pra R$ 500 milhões mais ou menos. São seis térmicas dentro do complexo Aratu que a Copel está negociando. Isso aí, pelo que a gente conhece, pode ser até a salvação lá nesse ramo porque o grupo [Bertin] está tendo dificuldades de pôr em pé os projetos e está precisando de um parceiro. 49% que a Copel está negociando. Então a gente queria ver em paralelo esses negócios…”

Você tem condição de conversar com alguma pessoa agora, saindo daqui, do negócio da Odebrecht?

A existência dessa gravação, por si só, não compromete a minha postura de respeito e observância às leis e à ética. Até porque, como disse antes, a referida conversa não teve efeito prático nenhum.

Só serve para alimentar interesses levianos de ex-políticos que provavelmente não se conformam de não obter, imagino eu, vantagens com chantagens ou práticas que nunca foram admitidas durante a minha passagem pela Administração Pública.

Curitiba, 11 de maio de 2018.

DEONILSON ROLDO
Jornalista

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