A Folha de São Paulo relata os caminhos que levaram a empreiteira paranaense J. Malucelli e outras sete apelidadas de “aventureiras” pelo governo a entrarem no consórcio de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Os caminhos para isso foram construídos por Delfim Neto. Veja:
Como as “aventureiras” chegaram lá
Belo Monte, a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, teve um processo de licitação tumultuado.
O projeto da usina era extremamente complexo porque a vazão de água é pequena e envolvia a construção de dezenas de barragens e um canal de 20 quilômetros.
Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa gastaram milhões de reais e anos de pesquisa para fazer o projeto, mas o governo resolveu dar uma lição nas três gigantes, consideradas por ele “arrogantes demais”, e permitiu que um grupo de empresas menores vencesse a concorrência das obras civis.
Esse grupo de oito construtoras, apelidadas pelo governo de “aventureiras” (Queiroz Galvão, Mendes Júnior, Serveng-Civilsan, Contern, Cetenco, Gaia, Galvão e J. Malucelli), teria sido articulado por Delfim e pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula que está em prisão domiciliar.
A ideia de criar o consórcio com empresas menores era uma estratégia do governo para fazer as grandes empreiteiras baixarem o preço que planejavam cobrar. O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) teria sido encarregado pelo governo de procurar Delfim e Bumlai para que colocassem o plano em prática.
Em agosto de 2010, o consórcio vencedor permitiu a entrada de construtoras com maior capacidade técnica no consórcio: Andrade, Odebrecht e Camargo Corrêa.
Novamente, Delfim foi chamado para ajudar no arranjo neste novo grupo, com 11 empreiteiras, segundo Barra.
A Andrade foi a grande beneficiada com a mudança. A empresa passou de perdedora da primeira concorrência a líder do consórcio da obra.