O professor Carlos Alberto Decotelli não conseguiu convencer os jornalistas a quem deu longa entrevista ao sair do Palácio do Planalto após conversa com o presidente da República na tarde desta segunda-feira (29). Jair Bolsonaro, no entanto, parece ter ficado satisfeito com as explicações sobre mestrados, doutorados e plágios que recebeu de Decotelli, e é possível que confirme a nomeação dele para o ministério da Educação.
Se não foi útil para demonstrar aos repórteres serem verdadeiros os malabarismos curriculares que registrou nas plataformas acadêmicas, a entrevista de Decotelli foi, no entanto, reveladora quanto às ligações que manteve com as maiores cooperativas agropecuárias do Paraná – uma delas a gigante Coamo, de Campo Mourão, e a Cocari, de Maringá.
Segundo ele, sua tese de pós-doutorado na Universidade de Wüppertal, na Alemanha, foi baseada não apenas na vivência nessas cooperativas como, sobretudo, por ter dado aulas para seus executivos sobre questões de sustentabilidade, prevenindo-os sobre os impactos do uso de máquinas agrícolas sobre o meio ambiente num planeta ameaçado até por falta de água.
Para complementar as pesquisas que, potencialmente, lhe garantiriam o título de pós-doutor na Alemanha, o professor Decotelli citou estágio em outra empresa do Paraná, a Crone, instalada em Castro (Campos Gerais), grande fabricante de origem alemã de máquinas e implementos agrícolas.
Espera-se que os diretores das cooperativas e da empresa castrense não façam com Decotelli os mesmos desaforos que recebeu das universidades de Rosário (Argentina) e Wüppertal.