No despacho em que determinou a conversão temporária em preventiva para os acusados de participação no esquema desvendado pela Operação Radio Patrulha, do Gaeco, o juiz Fernando Bardelli Fischer aproveita para, veladamente, responder à tentativa do conselheiro Bandeira de Melo, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNPP), de considerar que prisões feitas às vésperas de eleições demonstrariam “ativismo político”.
Segundo escreve o juiz em seu despacho, “a crítica a um suposto ativismo judicial, sob o discurso da proteção da democracia, dissimula um vergonhoso ranço discriminatório que em partes explica os motivos pelos quais nossos cárceres estão lotados de pessoas de baixa renda”, para, em seguida, acrescentar:
“Nestes novos tempos que aqui se vislumbram, cumpre ao Poder Judiciário exercer sua força de maneira equânime e racional, orientando-se pelo princípio da igualdade e não conferindo maiores benefícios àqueles que, por sua posição econômica, já são privilegiados. Por isso, no presente caso, a limitação à liberdade dos investigados está mais do que fundamentada na proporcionalidade da medida frente à gravidade concreta dos fatos e à perturbação gerada na sociedade. Se este não é um caso paradigmático de abalo à ordem pública e econômica, diante da magnitude do quadro de corrupção sistêmica aqui apresentado, então que se reflita sobre todas as prisões deferidas sob estes fundamentos.
A integra do despacho de Fischer você encontra aqui.
Se a população não apoiar pessoas como esta, que tipo de atitude podemos esperar daqueles que silenciam? Quem quer muito nada tem. E quem fala grosso e de cima não intimida da mesma forma como aqueles que em silêncio permanecem.
Precisamos de mais gente assim!