De Sartre a Carlos

O psicógrafo que presta serviços voluntários ao Contraponto fez contato com o filósofo francês Jean Paul Sartre. O grande pensador do século 20 estava exultante em ver que ainda tem seguidor importante do século 21 e quis transmitir um agradecimento a Carlos por meio desta carta:

Prezado Carlos:

Tenho quase certeza que você não me conhece. Pela sonoridade do meu nome, deve me confundir com alguma marca de perfume masculino ou de uma gravata de seda daquelas que custam muitos dias de trabalho de um operário… Na verdade eu fui um filósofo, escritor, professor. Eu escrevo porque tenho uma dívida para com você, mesmo que você não saiba. É que a corrente filosófica da qual eu fui um expoente, o existencialismo, estava fora de moda desde os anos 1960. Agora a moda é o tal do empreendedorismo, o individualismo exacerbado.

Pois graças a você meu muito estimado Carlos Alberto, o existencialismo voltou à moda, e com toda a força. Por conta de alguns probleminhas com a justiça você tem levado ao pé da letra uma das máximas da minha peça “Huis Clos – Entre quatro paredes” (escrita em 1944) . Você tem defendido o princípio de que “O INFERNO SÃO OS OUTROS”. Sempre os outros são culpados pelos problemas que nos afligem.

É… realmente você se tornou um existencialista, meu caro. Posso colocá-lo ao lado de outros existencialistas como meu compatriota Albert Camus, Soren Keirkgaard, Heidegeer e minha amada Simone de Beauvoir.  Você é mais moderno, arrojado. Mas, ao falar, expõe o existencialismo em estado bruto. E com uma roupagem atual, mais pragmática, eu ousaria dizer.

Mas advirto: ao seguir minha linha filosófica, você seguirá por um caminho angustiante. O Existencialismo é antes de tudo doloroso, pois nos faz confrontar com fraquezas e imperfeições que não gostamos de admitir. Mas é libertador, porque como escrevia na obra “O ser e o nada” (escrito em 1943), “o homem nada mais é do que aquilo que faz a si próprio”.  Boas reflexões e um grande abraço.

JPS

(não é aquele carro de fórmula 1, o John Player Special!)

*Jean-Paul Sartre – Escritor e filósofo francês – (1905/ 1980  Paris)
É um dos maiores nomes do Existencialismo. A corrente filosófica de Sartre baseava-se na liberdade: “todo homem está condenado a ser livre” (escreveu isso sem conhecer Gilmar Mendes…). Sua principal obra foi “O ser e o nada”, mas existem outros livros considerados imprescindíveis: “A náusea” e “As moscas”. Ganhou o premio Nobel de literatura em 1964 (mas recusou). Em 1973 foi um dos fundadores do jornal “Libération”, de esquerda. Viveu toda a vida com a também filósofa e feminista Simone de Beauvoir.

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