Dallagnol feliz por ser papai. E por ver Moro no ministério

(por Ruth Bolognese) – Agora se entende a ausência do procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, do grande debate político que tomou conta do país nos últimos 20 dias – silêncio que quebrou nesta quinta-feira (1.º), logo após o anúncio de que o juiz Sergio Moro será ministro da Justiça de Bolsonaro.

Exatamente no dia 28, quando da eleição de Bolsonaro no segundo turno, Dallagnol estava ocupado com algo mais importante: ele a esposa, Fernanda, viam nascer a filha Sofia. Merecida e justificável reclusão à vida privada e familiar.

Mas hoje ele não resistiu à manifestação de outra alegria muito particular para ele – a confirmação de Moro, o juiz que julga os processos iniciados pela força-tarefa da Lava Jato, no ministério. Dallagnol escreveu no Facebook:

Dallagnol feliz por ser papai. E por ver Moro no ministérioA foto é emblemática: o pacote das Novas Medidas Contra a Corrupção estava em suas mãos na viagem ao encontro do presidente eleito. O juiz Sergio Moro vai ao Ministério da Justiça por um bem maior: consolidar os avanços da Lava Jato e avançar contra o crime organizado, problemas extremamente preocupantes no nosso país, assim como defender o fortalecimento da democracia, que é pressuposto da luta contra a corrupção.

Minha avaliação pessoal – não estou falando neste post pelas equipes que trabalham na Lava Jato, que podem ter diferentes visões desse assunto – é de que a decisão é bastante positiva para a causa anticorrupção e para o país.

Em inúmeras entrevistas, sempre ressaltei que o ambiente de leis favoráveis à corrupção ainda é o mesmo de antes da Lava Jato: prescrição, nulidades, lentidão e penas lenientes favorecem a impunidade. A mensagem do sistema de justiça criminal é de que a corrupção compensa e inúmeros casos do passado provam isso. Nada das leis que favorecem a impunidade mudou até hoje. O que houve foi um caso que fugiu da curva da impunidade, a Lava Jato. Além disso, há muito espaço para avançar contra a corrupção em outras frentes: recuperação de valores, transparência, melhoras no sistema político e eleitoral, incentivo ao compliance, proteção do whistleblower, fortalecimento do controle interno e externo e assim por diante. Tudo isso precisa ser feito e o Ministro da Justiça tem uma posição privilegiada para articular essas mudanças.

Além disso, há muito tempo falo que, hoje, é mais importante para o país mudar o ambiente que favorece a corrupção do que futuros resultados da Lava Jato. Há muitas propostas substanciais, como as 10 Medidas e as Novas Medidas, que poderão ser apreciadas, aperfeiçoadas e aprovadas. É preciso criar um ambiente fértil para que a corrupção não aconteça e para que operações contra a corrupção possam crescer e frutificar em cada cidade onde há esse problema.

Como Ministro da Justiça, o juiz Sergio Moro poderá impactar ainda órgãos muito importantes para o controle da corrupção, como a Polícia Federal, a CGU e o COAF, ampliando sua influência positiva dos casos em Curitiba para todo o país.

Neste momento, precisamos fazer uma análise crítica dos ataques que estão surgindo contra a reputação do juiz e da Lava Jato, como aqueles que acusam o juiz de ter, desde sempre, aspiração política. Isso é ridículo. Se o juiz Sergio Moro tivesse aspiração política, ele poderia ter se tornado presidente ou senador nas últimas eleições com alta probabilidade de êxito. Mentiras como essa serão repetidas, como outras já usadas no passado, mas não vão abalar a Lava Jato, em que atuam não só um juiz, mas 14 da primeira à última instância. A imparcialidade dos atos e decisões são garantidos pelo próprio sistema recursal.

O que vejo é sim uma pessoa que já demonstrou, com árduo trabalho, elevada qualidade técnica e muito sacrifício pessoal ao longo de 4 anos, que se somaram a uma trajetória pretérita respeitada, o seu comprometimento com o interesse público, com o serviço à sociedade e com o país. Vejo ainda o aproveitamento de uma oportunidade pelo juiz para dar o seu melhor a fim de construir uma sociedade com mais justiça social, mais democracia e mais segurança, assim como menos corrupção, menos impunidade e menos crime organizado.

Aqui em Curitiba, a Lava Jato seguirá com outros magistrados. Há ainda bastante por fazer e será feito. Perde-se o grande talento de um juiz, mas a maior parte da equipe seguirá firme lutando contra a corrupção, como profissionais, na operação, e como cidadãos.

3 COMENTÁRIOS

  1. Nessa fogueira de vaidades que tem nesse meio judiciário não da para acreditar que o tal de Dallagnol que ajudou Moro a ferrar com o Brasil possa estar feliz, já que não foi lembrado nem para porteiro do STF. Brasil e os ditos justiceiros mostrando a sua cara e o induzidos lá atrás hoje se fazem todos de desentendidos agora descobrindo que foram usados como torcedores de futebol escolhendo o time que o Juiz roubava a seu favor.

  2. Parabéns pela filha, embora ela tenha escolhido um dia tão triste para nascer…e ela vai saber disso mais cedo ou mais tarde…Também teremos crianças por aqui e preocupados estamos com os filhos nascerem em plena degeneração da democracia. Todavia eu nasci em plena ditadura e sobrevivi, ela vai aguentar também, ainda mais pq nao precisa de nada do Estado, exceto que o Estado mantenha o contrato de trabalho do pai.

    Deltan nao veio dizer que está à disposição para um cargo, veio? Até tu Brutus?

    E outra coisa que o senhor poderia fazer: uma vez que fez seu juramento de defender o direito ali na Santos Andrade, vc devia dar uma olhada no documento que a Frente Parlamentar Evangélica escreveu e passar uma orientação legal para eles e nao sei se vc também é pastor, passe uma orientação teológica também pq Jesus nao ia ficar nada feliz com as orientações pecaminosas que os seus irmãos de fé escreveram na tábua dos mandamentos do Brasil.

    Se seu juramento vale, se vc planeja se manter fiel a Deus, leia o grosso documento e passe umas orientações para eles. A começar com sua pós-graduação em Harvard: vc foi bolsista da CAPES? do CNPQ? Ou foi com o dinheiro da igreja? do seu pai? do seu trabalho no mac donalds?
    O que seus irmãos querem dizer com “libertar os alunos e professores da perseguição da CAPES” Tipo exigir que em contrapartida da oferta de bolsa de pesquisa a pessoa pesquise e publique o que pesquisou trazendo um resultado concreto para a sociedade é perseguição?

    Seus irmãos também alegam que vao acabar com o que chamam de doutrinação na escola… escola sem partido, algo assim. Mas os seus colegas dos tribunais acham isso muito errado, um aluno nao poder aprender o marxismo , o weberismo, o Lévi-Strauss…. seus colegas de tribunal veem que a escola sem partido é uma escola com partido, só que com o partido de extrema direita sendo a doutrinação para as crianças… e sinceramente…o que vc vai fazer sobre isso é bom saber…como vc vai se posicionar enquanto advogado e enquanto cristão, pq a FPE revogará algumas frases, leis e parábolas de Jesus… muita delas aliás. Inclusive chegou na mesa de Nosso Senhor uma petição para avaliar a famosa: “Pai, perdoai-vos. Eles nao sabem o que fazem.”

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