(por Ruth Bolognese) – Só o jornalismo brasileiro coloca na capa de uma revista de circulação nacional, a Época, do grupo Globo, um bandido como o ex-deputado Eduardo Cunha e o transforma em analista político.
Nessa semana, a Época divulgou uma longa entrevista com Eduardo Cunha – preso pode dar entrevista assim, sem mais nem menos ? – onde ele afirma que o juiz Sérgio Moro queria destruir a elite política do país. E conseguiu.
A reportagem inteira é de loa ao ex-deputado, como se ele fosse ainda presidente da Câmara, o político mais honesto do Rio de Janeiro, se é que isso existe. As perguntas cruciais não foram feitas, (como o Sr. conseguiu roubar tanto, Excelência?) e deu-se ênfase às críticas aos adversários políticos, ameaças ao governo etc. etc.
Ora, bandido só deveria ocupar a capa de revistas, ou manchetes de jornais, se confessasse seus crimes. O resto é ajudar a defesa a compor o perfil positivo diante do Juiz.
Se até juiz pode posar em fotos fofas ao lado de bandidos, por que essa discriminação com o Cunha? É a geléia geral brasileira. Esculhambação. Balacobaco do caterefofo.