O engenheiro Eduardo Lopes de Souza, dono da Construtora Valor, acaba de encaminhar ao juiz da 9.ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Bardelli Fischer, uma peça de defesa em que confirma que desviou, sim, dinheiro público para construir as escolas que não entregou e de distribuir propinas para políticos, conforme, crimes de que foi acusado pelo Ministério Público no âmbito da Operação Quadro Negro. Mas faz, em resumo, uma ressalva importante: ele diz que fez tudo isso, mas sem querer, obrigado pelas circunstâncias.
Em dramático apelo para que seja absolvido de algumas acusações e para que outras sejam julgadas na modalidade culposa e não dolosa, de modo a reduzir as penas que lhe poderão ser impostas, Eduardo afirma nas alegações finais que protocolou que fez tudo apenas com a intenção de se recuperar da falência que sofreu em razão de calote que sofreu em Pernambuco. Queria apenas levar para casa o pão que alimentava sua família.
Foi a partir daí que apareceram os motivos que o levaram a colocar duas sócias no contrato social da Construtora Valor, constituída após a falência da empresa anterior (a EGC), na tentativa de “levar o pão nosso de cada dia para casa”. E foi por isso, também, que usou o nome e as contas do Gustavo [filho] e de sua esposa sem consciência dela, colocando-a “na prisão e por todo este tempo teve que vê-la responder um processo criminal por algo que nunca fez. Ver seus familiares envolvidos na lama a que foi lançado.”
Segundo Eduardo, ele aderiu à proposta de Maurício Fanini, o diretor da Educação responsável pela construção das escolas, “não porque fosse mal [sic] caráter, porque adore ser chamado de ladrão, de falsário e quisesse perquirir [sic] de forma contumaz, porque quisesse que milhares de criancinhas ficassem sem boas escolas. Aderiu porque ao ajudar no pedido do chefe maior do Estado, teve a ingenuidade de acreditar que posteriormente, a promessa realizada de que o dinheiro voltaria para que as escolas fossem terminadas existiu. Da mesma forma que existiu a promessa de que existiria para ele a continuidade de trabalho em outra obras.”
O construtor afirma, ainda, que, colaborando com o esquema montado por Fanini, encontraria boa vontade no governo de Beto Richa, a quem supostamente se destinava boa parte das propinas que distribuiu.
Leia aqui a patética defesa de Eduardo Lopes de Souza: