Congresso celebra centenário da morte de Ruy Barbosa

O centenário da morte do jurista, diplomata, político, tradutor e jornalista Ruy Barbosa, patrono do Senado Federal, foi celebrado na manhã desta quarta-feira (1º) em sessão solene do Congresso Nacional. A homenagem foi proposta pelo presidente do Parlamento, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que considerou essa a celebração “da memória de uma das maiores personalidades da história do nosso país”, considerado por muitos como o “maior dos brasileiros”.

Pacheco destacou que Ruy Barbosa foi um dos mais notáveis oradores da história do Brasil e soube como poucos utilizar a tribuna do Senado Federal para advogar suas causas, proferindo, segundo o presidente do Senado, verdadeiras aulas de política e justiça.

Eloquência

“Nascido em Salvador, em 5 de novembro de 1849, Ruy Barbosa foi um verdadeiro modernista político, um dos mais humanos representantes do povo brasileiro, famoso por sua inteligência acima da média, pelo profundo conhecimento cultural e por uma retórica notavelmente eloquente, instrumentos que soube utilizar de forma brilhante em defesa de causas tão nobres como a abolição da escravatura, a garantia dos direitos humanos, a causa republicana e a democratização do Brasil”, afirmou Pacheco.

Membro fundador do Senado, em 1890, Ruy Barbosa manteve-se no cargo de senador até seu falecimento, em 1º de março de 1923, computando cinco mandatos, recorde equiparado apenas pelo ex-presidente José Sarney.

“Aclamado como patrono desta Casa, tem seu busto aposto acima da Mesa Diretora — guia e vigia dos trabalhos realizados em Plenário. Estava lá, inclusive, quando as sedes dos Poderes da República foram invadidas, em 8 de janeiro de 2023 — dia triste e marcante para a nossa democracia —, mas se manteve firme, quase como um guardião da instância máxima de deliberação da Casa Legislativa”, disse Pacheco.

Importância múltipla

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, declarou que Ruy Barbosa foi um homem de incontáveis talentos, brasileiro ímpar, de relevância singular para a história da Suprema Corte, que nea terça-feira (28) completou 132 anos.

“Com o olhar voltado para o nosso sistema de justiça, em recorte que me imponho tal a riqueza da personalidade multifacetada de Ruy, relembro que, instalada a República e promulgada a Constituição de 1891, foi determinante a atuação subsequente de Ruy em memoráveis causas perante o Supremo, como o Habeas Corpus 300, pela solidez de sua argumentação quanto às novas funções republicanas do Poder Judiciário, com base em doutrina norte-americana, para a gradual afirmação da independência do Poder Judiciário em face de arbitrariedades que desrespeitavam a Constituição em vigor e para a sedimentação da prevalência dos direitos individuais sobre os atos ilegais do governo”, afirmou a presidente do STF.

Rosa Weber lembrou que as depredações das instalações do Supremo em 8 de janeiro deste ano atingiram, entre tantos objetos de valor histórico e cultural, o busto de Ruy Barbosa, diversamente do que aconteceu no Senado.

Louvor

Emocionado, o ex-presidente da República José Sarney, que também foi presidente do Congresso Nacional e é representante decano da Academia Brasileira de Letras, disse ser essa a comemoração da morte de “um dos ídolos do nosso país”.

Ao arrolar os fundadores da nação, Sarney incluiu Ruy Barbosa, a quem definiu como “um monumento da inteligência nacional”, formulador da doutrina civilista do Brasil e construtor da República.”Fundador por quê? Porque foi ele quem fez a Constituição da República. Foi ele quem redigiu a Constituição da República [de 1891] e, redigindo a Constituição da República, deu os parâmetros que devíamos seguir com o país”.

Ao ressaltar que jamais pensou em voltar à tribuna do Senado, o ex-presidente destacou que a Casa era a grande paixão do homenageado.

“Ele foi vice-presidente do Senado duas vezes, durante longo tempo. Aqui fez os seus mais brilhantes discursos. Creditou a esta Casa a integridade do país. Ele disse que o Brasil, quer dizer, a unidade nacional que foi feita, foi possível por causa de duas coisas: do Senado vitalício e do Conselho de Estado. Aqui está velando pela Casa o seu busto. Velando pela Casa, mas pelo que ela representa, velando pela democracia, velando pelos ideais democráticos, velando pelos direitos humanos, velando pelas liberdades civis, velando pelas liberdades individuais, que ele tanto defendeu no país inteiro”. (Agência Senado; foto: Arquivo Nacional).

 

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