O ministro da Educação, Abraham Weintraub, está usando sua conta no Twitter para comparar a ação da Polícia Federal que, na quarta-feira (27), fez buscas e apreensões autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em alvos suspeitos de fazerem parte do “gabinete do ódio” – organização que o ministro Alexandre de Moraes classificou como “organização criminosa” especializada em propagação de fake news.
Nos posts, Weintraub faz referência à sua ascendência judaica e lembra que seus antepassados sofreram com a perseguição e com o Holocausto. Comparou a ação policial à Noite dos Cristais – episódio de 1938 que marca o início mais visível da violência nazista contra os judeus.
Com estas manifestações, o ministro da Educação abre uma outra frente de desgaste para o presidente Jair Bolsonaro. Na reunião ministerial de 22 de abril, Weintraub pregou que vagabundos fossem presos, a começar pelo STF, colocando o governo em confronto com o Judiciário e, agora, provoca também uma crise diplomática.
Em uma série de publicações numa rede social nesta quinta (28), o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi, criticou a declaração do ministro da Educação que associou o nazismo à operação do Supremo Tribunal Federal (STF) contra uma rede de bolsonaristas.
“O Holocausto, a maior tragédia da história moderna, onde 6 milhões de judeus, homens, mulheres, idosos e crianças foram sistematicamente assassinados pela barbárie nazista, é sem precedentes. Esse episódio jamais poderá ser comparado com qualquer realidade política no mundo”, escreveu Lavi.
Junto com cada postagem, o diplomata republicou mensagens de três organizações —o American Jewish Committee, principal entidade judaica dos EUA, a Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e o Museu do Holocausto de Curitiba.
Horas depois do cônsul, foi a vez da Embaixada de Israel no Brasil se manifestar em uma rede social. “Houve um aumento da frequência de uso do Holocausto no discurso público, que de forma não intencional banaliza sua memória e a tragédia do povo judeu. Pela amizade forte de 72 anos entre nossos países, pedimos que a questão do Holocausto fique à margem da política e ideologias.”