A construção da ponte de Guaratuba chegou a 11,12% de conclusão de acordo com o relatório mensal e está dentro do cronograma estipulado pelo Governo do Estado. A principal novidade no estágio da obra, que é emblemática no Paraná, é o início dos trabalhos de fundação da parte estaiada da estrutura pelo Consórcio Nova Ponte, contratado via licitação para a execução do empreendimento.
Diferentemente do restante da estrutura, que utiliza vigas e colunas de concreto e aço pré-fabricadas, o trecho estaiado da ponte é composto por cabos de aço de alta resistência que são ancorados por torres para suportar parte do peso da pista. Ele é necessário para garantir a livre navegação das embarcações que circulam diariamente pela baía de Guaratuba.
Até o momento, nove das 64 estacas de concreto que servirão de base para os 1.244 metros de extensão da ponte já foram instaladas e outras oito estão em processo de instalação. Seis das estacas instaladas fazem parte do trecho pré-moldado, enquanto as outras três integram a parte estaiada da ponte. A expectativa é de que 50 estacas sejam instaladas até o fim de 2024. As escavações são executadas com apoio marítimo de duas balsas operacionais.
Cada estaca possui de 180 a 220 centímetros de diâmetro e de 20 a 50 metros de comprimento, chegando a pesar 470 toneladas. Há praticamente 300 funcionários trabalhando na produção das peças e do concreto usado na fundação e em outras frentes de trabalho. A expectativa é de que até 600 pessoas atuem simultaneamente durante o auge da construção.
Desafiador
Segundo a engenheira fiscal da obra pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), Larissa Vieira, o trecho estaiado é um momento desafiador da obra devido às características dos materiais utilizados e das condições da região. “Nesse ponto existem mais dificuldades porque as estacas usadas na fundação são maiores e há uma influência mais forte das marés e das condições climáticas”, explica.
A estrutura estaiada contará com duas torres, nas quais os estais serão ancorados para dar sustentação à pista. As torres serão sustentadas por oito estacas com diâmetros de 2,20 metros e até 50 metros de profundidade. “Essa estrutura permite a execução de vãos maiores, com menos pilares, o que também possibilita um vão-livre de navegação para as embarcações que vão circular pela baía”, acrescenta a engenheira.
A escolha arquitetônica do projeto tem como objetivo criar um vão-livre de 160 metros sob a ponte, o que permitirá um canal de navegação para embarcações com 17 metros de altura e 90 metros de largura, sem a necessidade de içamento da estrutura, como ocorre em outras pontes. Com isso, não haverá prejuízo para o tráfego marítimo na região da baía de Guaratuba.
Outro benefício significativo é a capacidade de suportar condições climáticas adversas, já que as pontes estaiadas são projetadas para resistir a ventos fortes e outras intempéries. A manutenção também tende a ser mais simples e barata, pois os cabos podem ser substituídos sem a necessidade de desmontar grandes partes da estrutura.
Por fim, o design diferenciado do modelo serve como um atrativo turístico próprio como ocorre em outras cidades. A ponte Vasco da Gama, na cidade de Lisboa, em Portugal é uma das mais emblemáticas deste tipo no mundo. Outros exemplos em nível nacional são as pontes Octávio Frias de Oliveira, na cidade de São Paulo, e a Anita Garibaldi, em Laguna, Santa Catarina. (AEN; Foto: Roberto Dziura Jr/AEN).