Não seria exatamente um acordo sacramentado numa solene mesa de reuniões, mas os candidatos Cida Borghetti (PP) e João Arruda (MDB) já teriam chegado à conclusão tácita de que não são produtivos para nenhum dos dois os ataques de um contra o outro. O adversário comum aos dois é Carlos Ratinho (PSD) e é contra ele que devem dirigir suas baterias. Se brigarem entre si, dão sossego e abrem caminho para que Ratinho ganhe a eleição já no primeiro turno, conforme indicam as últimas pesquisas de intenção de voto – nas quais ele aparece com índice superior a 40% enquanto que Cida e Arruda ficam na casa de pálidos 13% e 6% respectivamente.
Ataques mútuos podem mudar os porcentuais de cada um, beneficiando um ou outro, mas não mexeriam no favoritismo de Ratinho. Daí a estratégia de concentração das forças de Arruda e Cida, combinada ou não, para puxar para baixo os índices até agora conferidos ao candidato do PSD, na esperança de que a fuga de seus eleitores acabe por beneficiá-los e, sobretudo, decrete a definição da eleição apenas no segundo turno.
Vão trabalhar pela desconstrução do discurso de Ratinho Jr. Num primeiro momento, vão procurar desmistificar 1) que ele não tem ligações com o ex-governador Beto Richa e, 2) mostrar que, como seu secretário de Desenvolvimento Urbano, fez uso das mesmas mordomias que agora combate na campanha.
Os programas de rádio e televisão de Cida Borghetti devem continuar na mesma toada de apresentar a candidata como “firme e forte” e como uma governante amante do diálogo, do bom trato com todos os setores da sociedade, aplicada defensora de ações em benefício das mulheres e das crianças. Discursos vagos só quebrados por algumas posições mais fortes, como a intransigência no combate à corrupção e a decisão (a essa altura inócua e redundante) de não renovar os contratos com as atuais pedageiras.
Já Arruda é pouco mais incisivo na busca de se apresentar como único candidato viável de oposição e no esforço de carimbar a imagem do desgastado ex-governador Beto Richa na testa de Ratinho Jr. Improvisado candidato ao governo na undécima hora e desconhecido pela maior parte do eleitorado, o deputado João Arruda não alcançou ainda o resultado esperado e patina no dígito único de 5% ou 6%. Ainda tem, porém, quase um mês para trabalhar a estratégia.
Enquanto isso, as redes sociais têm espalhado mensagens que combinam com o esforço voltado à desconstrução de Carlos Ratinho. A autoria das peças – que nascem no submundo das estruturas de campanha – não é totalmente conhecida, mas servem-se de imagens que, por exemplo, destacam o cartão corporativo e o jatinho usados quando o candidato era secretário do governo Beto Richa, sinônimos de mordomias que ele agora combate.
Difundem-se fotos de eventos políticos no interior do estado onde Ratinho Jr. aparece ladeado de antigos e ainda fieis colaboradores de Beto Richa, como seu ex-secretário da Casa Civil, Valdir Rossoni, e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano, ambos do PSDB, partido que faz parte da base de apoio de Cida Borghetti. É o retrato da ligação que ainda persiste entre Ratinho e Beto, apesar do esforço que faz para desvincular sua imagem da do ex-governador.
Vixi. Esses dois são piores que Ratinho no quesito companhias. Um é sobrinho do Requião. Só nesse quesito, está ferrado. Ainda, era ligadíssimo ao Eduardo Cunha, conforme matéria da Gazeta antes daquele virar alvo e ser preso. Não precisa nem entrar na questão do acidente de transito e da condenação, nem de ser casado com uma das sócias de Belo Monte.
A outra é casada com o Ricardo Barros, do PP. Isso basta. Não precisa entrar em diversos detalhes.